sábado, 3 de dezembro de 2011

Quem nunca sentiu dor de cabeça?

Os estudos relacionados à dor de cabeça vêm se tornando destaque no âmbito da saúde pública. Esta dor é considerada como uma doença benigna. Sua importância ganhou destaque devido a sua incidência elevada, onde 50% das pessoas apresentam dor frequente. Nesse contexto, as cefaleias representam redução da qualidade de vida e lazer, bem como são as grandes responsáveis por abreviar horas de trabalho que podem modificar a rotina diária das pessoas que sofrem com estas dores. A enxaqueca é considerada uma das mais danosas dentre as cefaleias, podendo interferir na idade mais produtiva da vida, bem como é frequente em mulheres, o que pode estar relacionado ao ciclo menstrual. Também é relatado acometimento de crises epilépticas e acidente vascular cerebral acompanhando a enxaqueca. O uso desenfreado de analgésicos para controle diário da dor desencadeia uma questão preocupante para a saúde, pois os efeitos colaterais aparecem de forma grave, como hemorragias gástricas, doenças hepáticas, renais e anemias.

domingo, 27 de novembro de 2011

Novos Procedimentos para Tratamento da Enxaqueca

A enxaqueca acomete milhões de pessoas no mundo inteiro e é considerada uma das mais freqüentes condições neurológicas debilitantes com impacto na qualidade de vida das pessoas.

Atualmente há diversos procedimentos que visam amenizar ou sanar a enxaqueca que vão desde a acupuntura à terapia medicamentosa. A European Federation of Neurological Societies (EFNS) publicou recentemente diretrizes atualizadas de tratamento medicamentoso para profilaxia e crises de enxaqueca, onde foi feita uma vasta revisão da literatura que inclui enxaqueca com e sem aura. 


A classificação das desordens dolorosas de cabeça adotada pela EFNS é a segunda edição da The International Classification of Headache Disorders of International Headache Society (IHS) e as recomendações dadas baseiam-se em evidências científicas de acordo com experiências clínicas e o consenso de especialistas da EFNS.


A literatura para o estudo foi procurada nas bases de dados MedLine, Science Citation Index and Cochrane Library, onde as palavras-chave foram “migrânea” e “aura”, sendo considerados os trabalhos que descreveram experimentos-controle ou uma série de casos de tratamento de pelo menos cinco pessoas. Além disso, também foi considerado um livro de revisão sobre dor de cabeça (Olesen J et. al., 2006) e recomendações de tratamento da enxaqueca em vigor na Alemanha (Evers S. et. al., 2008).


Não há mudanças significativas dessas diretrizes em relação às revisadas em 2006. Em suma, de novo, as diretrizes recomendam para o tratamento da crise de enxaqueca o uso de antiinflamatórios não-esteroidais (AINEs) e triptanos (drogas que se ligam à partes específicas do cérebro que respondem à serotonina); acredita-se que elas tratam a enxaqueca pela contração seletiva dos vasos sangüíneos que inflamam durante um ataque ao invés da ergotamina, que contrai os vasos sangüíneos do corpo todo.

Previamente a isso, recomenda-se o uso de antieméticos, como a metoclopramida ou domperidona. A EFNS também recomenda o uso de zolmitriptano em comprimidos e em spray nasal e o rizatriptano em comprimidos em crianças e adolescentes, os quais tiveram sua eficácia comprovada; o topiramato é recomendado para o tratamento profilático de enxaqueca crônica e a toxina botulínica A não é considerada efetiva na enxaqueca episódica.


Em ataques muito severos,o sumatriptano subcutâneo são drogas de primeira escolha. A enxaqueca pode ser tratada com corticoesteróides ou diidroergotamina.

Quando se fala de profilaxia da enxaqueca, a EFNS recomenda o uso de betabloqueadores (propranolol,atelonol e metoprolol),e também flunarizina, ácido valpróico e topiramato como drogas de primeira escolha. Já as de segunda escolha, nesse caso, incluem amitriptilina,nortriptilina,e bisoprolol.

Mulheres com enxaqueca melhoram durante a gravidez

Cerca de 20% das mulheres sofrem de enxaqueca, o que é um número considerável. O problema pode ser deflagrado por oscilações hormonais, por isso é tão comum no sexo feminino. Com orientação adequada e, em muitos casos, o uso de medicamentos preventivos, é possível controlar as crises. Mas, e quando a mulher decide engravidar?
Administrar as cefaleias, de um modo geral (a enxaqueca é apenas um dos vários tipos existentes), não é tarefa simples quando a paciente está gravida, já que são poucos os medicamentos permitidos para gestantes. A boa notícia é que cerca de 75% das mulheres com o problema melhoram quando ficam grávidas. Os hormônios produzidos na gravidez protegem a mulher da cascata química que leva à enxaqueca.
Aproximadamente 15% das mulheres permanecem com o mesmo padrão de enxaqueca e outras 10% têm o problema agravado durante a gravidez. Muitas mulheres que nunca tiveram os sintomas, inclusive, começam a ter crises somente após engravidar, em especial nos três primeiros meses, fase mais crítica para o consumo de drogas.
Decidir entre tomar remédio ou não é algo que deve ser decidido após uma análise criteriosa dos riscos e benefícios.
Como não é ético fazer pesquisas de medicamentos com grávidas, é difícil que algum fármaco seja apresentado como 100% seguro para esse público. O que existe são relatos de uso em mulheres que engravidaram sem planejar e continuaram tomando a substância. A partir desse tipo de monitoramento já foi possível estabelecer a segurança de algumas drogas. Mesmo assim, quando a gestante opta pelo remédio e o bebê nasce com alguma anomalia, ainda que o problema não pareça relacionado com o uso da substância é difícil para a mulher perdoar a si mesma e ao médico.
Um dos poucos analgésicos permitidos às grávidas é o paracetamol.Mas é preciso cautela, pois o abuso da substância pode prejudicar o fígado. Para muitos casos de enxaqueca, no entanto, o remédio não resolve. Tomar um café forte, também pode ajudar quando não há analgésicos à mão, também é contraindicado por muitos obstetras, pois a cafeína acelera os batimentos cardíacos do bebê.

Dicas

Para aliviar os sintomas da enxaqueca de forma natural, recomenda-se repouso durante as crises, compressas geladas na cabeça (que ajudam a contrair os vasos) e técnicas de relaxamento, como alongamentos e massagens.
Também é aconselhável evitar situações ou alimentos que podem deflagrar a enxaqueca. Estresse e variações no padrão de sono (dormir pouco ou demais), assim como o consumo de queijos, embutidos,enlatados, chocolate, aspartame e frutas cítricas, costumam ser gatilhos para boa parte das pessoas que têm o problema.

Pós-parto

Paciente de 39 anos,que passou cerca de dez anos sem saber que sofria de enxaqueca, pois um médico atribuiu suas dores a uma sinusite. Por causa do diagnóstico incorreto e do uso de remédios que não eram indicados para o quadro, ela passou a ter dores cada vez mais frequentes. “Tinha duas, três crises por semana e quase desmaiava de dor”, lembra.
Depois de ser medicada adequadamente por um neurologista, a enxaqueca foi controlada. Mas o tratamento teve que ser interrompido assim que ela descobriu que estava grávida. Para sua sorte, ela faz parte do grupo de mulheres que se beneficia da gestação e não teve uma crise, sequer, durante os nove meses.
Dois meses após o parto, no entanto, as dores voltaram. “O Paracetamol ajudava, mas não resolvia”, comenta. Seguindo à risca os conselhos do médico para evitar os fatores deflagradores da enxaqueca, ela conseguiu administrar as crises até os seis meses do bebê, quando deixou de dar de mamar para poder voltar aos remédios.

Hormônios

Depois de dar à luz, notou que sua enxaqueca ficou diferente. “Passei a ter crises só antes do período menstrual”, conta.Esse padrão é bastante comum entre as mulheres, já que a enxaqueca está ligada a oscilações no nível de estrogênio. O uso de anticoncepcionais muitas vezes deve ser suspenso, quando há piora dos sintomas, ou então a pílula é administrada de forma contínua, para evitar os picos hormonais.
Muitas mulheres só se livram da doença de vez na menopausa, período em que a produção de estrogênio cai. Mas as que fazem reposição hormonal costumam ter o problema agravado. Nesses casos, é preciso que neurologista e ginecologista atuem em parceria, para ajustar a terapia e evitar as crises.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

DÚVIDAS FREQUENTES SOBRE ENXAQUECA

1) Enxaqueca e Dor de Cabeça são a mesma coisa?


CEnTE: Não. Enxaqueca ou migrânea é apenas um dos quase 200 tipos de dores de cabeça já descritos, porém é a mais conhecida. Por isso mesmo a palavra “enxaqueca” se tornou um sinônimo de dor de cabeça entre o público leigo.

2) Como eu sei que a minha dor de cabeça é uma enxaqueca?

CEnTE: Quando a dor dura de 4 a 72 horas, acomete um só lado da cabeça ou a cabeça toda, geralmente pulsátil, podendo também ser em peso ou pressão e pode vir acompanhada de náuseas e/ou vômitos, intolerância a luz, barulho, cheiro e movimentos. Além disso, ela começa fraca e vai ficando forte, diferente de outros tipos de dores de cabeça que ou já começam fortes ou são sempre moderadas. Mas como já foi citado – são quase 200 tipos de dores de cabeça -, é fundamental uma avaliação médica com um especialista no assunto(neurologista), para um diagnóstico correto.

3) O que é uma enxaqueca com aura?


CEnTE: Enxaqueca com aura é quando antes da dor de cabeça o paciente tem fenômenos sensitivos ou visuais. Os mais comuns são os sintomas visuais com imagens brilhantes ou luminosas, perda de parte do campo visual (visão dupla), ou flashes luminosos. Às vezes o paciente pode ter adormecimento na mão, no braço, e até na metade da língua mas é mais raro. Estes sintomas podem ser confundidos com um AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou o popular “derrame” e somente um especialista poderá diagnosticar corretamente.
Cabe observar também que mulheres que têm enxaqueca com aura devem evitar o uso de anticoncepcionais e cigarros, pois o risco de terem um AVC aumenta consideravelmente.


4) O que pode desencadear uma crise de enxaqueca?

CEnTE: Como trata-se de uma doença de múltiplas facetas como já se pronunciou um grande especialista brasileiro Prof.Dr.Edgard Raffaelli Jr.(já falecido) no assunto os fatores desencadeantes são inúmeros e variam de pessoa para pessoa. Ou seja, a sensibilidade é muito individual.
Os desencadeantes mais importantes são:;
- estresse físico e/ou emocional;
- privação de sono ou sono prolongado;
- jejum prolongado ou pular uma refeição;
- mudanças bruscas de temperatura;
- ingestão de algumas substâncias como chocolate, frutas cítricas, queijos amarelos, embutidos,enlatados, molhos vermelhos, glutamato monossódico, aspartame, bebidas alcoólicas principalmente o vinho tinto;
- exposição a odores fortes ou ruídos muito altos;
- nas mulheres a queda dos níveis hormonais que ocorrem no período menstrual.



5) Criança tem enxaqueca?

CEnTE: Sim, desde muito pequenas. Estudos mostram que 1 a cada 4 crianças até 05 anos teve pelo menos 01 episódio de enxaqueca nos últimos 12 meses.
Muitas vezes esta queixa não é valorizada pelos pais, sendo considerada “manha”, ou desculpa para não ir à aula ou cumprir alguma outra tarefa. Porém, quando a queixa é muito freqüente geralmente elas são levadas ao oftalmologista, otorrinolaringologista e só então lembram do neurologista. Os desencadeantes são os mesmos dos adultos. Deve-se registrar também que as crianças enxaquecosas geralmente são bons alunos por terem um perfil perfeccionista.


6) O que pode acontecer se eu usar analgésicos diariamente?

CEnTE:O uso de analgésicos não deve ultrapassar 2 a 3 dias por semana. O uso contínuo pode levar a cefaléia crônica diária.Neste caso as dores tornam-se frequentes devendo ser prescrito um tratamento preventivo diferente dos medicamentos sintomáticos.

7) Eu não tenho depressão, mas me receitaram antidepressivo para tratar a minha dor de cabeça. Por quê?

CEnTE: Existe uma classe de antidepressivos chamados tricíclicos que funcionam muito bem no tratamento preventivo das enxaquecas. Eles agem numa substância chamada serotonina que se relaciona tanto com a enxaqueca como com a depressão. São poucas as drogas usadas exclusivamente para tratar a enxaqueca.

8) Mesmo tendo pressão normal o médico me receitou um remédio para pressão para tratar a minha dor de cabeça. Por quê?

CEnTE: A experiência clínica e vários estudos comprovam que a utilização destes medicamentos, em doses baixas, contribuem na prevenção da enxaqueca sem afetar a pressão do paciente.

9) O que é cefaléia em salvas?

CEnTE: É descrita como a pior das dores de cabeça. Dizem que é mais forte que cólica renal, cólica de vesícula e dor do parto. Felizmente é rara, afetando cerca de 1 em 1000 pessoas e é 5 vezes mais comum em homens do que em mulheres. A dor acomete só um lado da cabeça e se localiza na fonte, órbita ou atrás do olho. Vem acompanhada de sinais bem evidentes só do lado da dor: queda da pálpebra, congestão ocular, lacrimejamento, obstrução nasal e coriza.A dor é em facada,como se tivesse um ferro em brasa no crânio. As dores geralmente ocorrem de madrugada acordando o paciente, mas podem ocorrem também durante o dia. É a chamada cefaléia suicida. Na suspeita dessa dor deve ser procurado imediatamente um médico especialista para tirar o paciente da crise.

10) Tratamento para enxaqueca engorda?

CEnTE: Depende. Não podemos esquecer que no período das crises o paciente além de se alimentar mal ele pode ter náuseas e vômitos. Quando ele melhora naturalmente vai se alimentar melhor. Por isso tem que ter cuidado com a dieta. É claro que existem alguns medicamentos que podem aumentar o apetite e consequentemente o peso. Estes deverão ser evitados naqueles pacientes que tem tendência a engordar.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

"HISTÓRIA DE UMA PACIENTE COM ENXAQUECA".


Paciente A.F.G., 37 anos,residente em Ribeirão Preto, foi o retrato fiel do porque de as pessoas não melhorarem. A dor de cabeça intensa marcou sua vida desde os 22 anos, e tudo o que havia feito até então era entupir-se de analgésicos e procurar médicos de seu convênio, que nunca dedicaram mais de 15 minutos para as consultas. O resultado dessas consultas era, invariavelmente, a solicitação de vários exames (raio X, eletroencefalograma, tomografias, ressonâncias magnéticas, etc) e a prescrição de mais analgésicos. A dor, do tipo enxaqueca, com crises intermitentes.Sempre piorava com esforços físicos de rotina, como pisar no chão de forma mais forte. Sua vida tornou-se um martírio e nenhuma atividade podia ser assumida, pois a dor sempre aparecia nos momentos mais importantes. Há 19 anos passou a ter dor de cabeça todos os dias. O tratamento que vinha fazendo no momento da primeira consulta conosco era inacreditável: tomava de seis a oito comprimidos de cafergot®, oito a dez de tylenol®, seis de neosaldina® e quatro de melhoral® quase todos os dias há quinze anos. Não obstante, ainda sentia dor de cabeça em pelos menos cinco dias na semana.
Como sempre acontece com quem abusa de analgésicos, relatou ter tentado inúmeros tratamentos sem, no entanto, suspender o consumo excessivo de seus remédios para a dor. Resultado: nunca efetivamente melhorou.Quando a avaliamos na primeira consulta, suspendemos tudo o que era utilizado por ela. Após um período inicial de seis dias sem qualquer medicação,a paciente pôde iniciar o seu tratamento diário.Para nossa alegria, no primeiro retorno à clínica, cinco semanas depois, já apresentava vários dias sem sinais de dor.Hoje, A.F.G. leva uma vida normal, tendo retornado ao trabalho e redescoberto o lazer e a qualidade de vida.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

CEnTE:Centro Especializado no Tratamento de Enxaqueca


CEnTE:Ambulatório deTratamento da Enxaqueca

Esta introdução explica o papel do Ambulatório de dor de cabeça (cefaléia) e enxaqueca. Convém ressaltar, que a dor talvez seja a principal determinante do sofrimento humano. E é esse o principal objetivo do Ambulatório, que aborda e trata uma das formas mais freqüentes de dor, que é a enxaqueca. A enxaqueca, além de produzir sofrimento e incapacidade, é seguramente à causa mais comum de afastamento do trabalho, gerando um enorme ônus para a sociedade. Por essas razões deve ser considerado um sério problema de saúde pública.
A cefaléia é um sintoma debilitante e frequente na população geral cuja prevalência ao longo da vida, chega a 93% nos homens e 99% nas mulheres e cerca de 40% das pessoas tem cefaléia com certa regularidade (Rasmussen, 1993). No Brasil, 68,47% de pessoas relataram apresentar pelo menos uma crise de cefaléia uma vez no ano.


O que é Centro Especializado no Tratamento de Enxaqueca (CEnTE)? 

O Centro Especializado no Tratamento de Enxaqueca é um Ambulatório especializado no diagnóstico e tratamento de enxaqueca e dores de cabeça. O CEnTE esta ligado a um serviço de neurologia de um hospital e é dirigido por um neurologista expert em enxaqueca. O ambulatório normalmente é compostos por uma equipe multidisciplinar.
Um Ambulatório de enxaqueca será capaz de confirmar se suas dores de cabeça são enxaqueca, reverter o quadro clínico e rever o tratamento atual e sugerir maneiras pelas quais você pode administrar sua condição de sofredor de enxaqueca.
O profissional médico do Ambulatório irá, além de tratá-lo repassará a você conhecimentos sobre a enxaqueca e propor tratamentos eficazes, muitas vezes,  capaz de reverter o quadro clínico e controlar as crises de enxaqueca.
 

Será que todas as pessoas com enxaqueca necessitam recorrer a um CEnTE?

A maioria das pessoas que sofrem de enxaquecas ou com suspeita de ser portadora desta patologia, devem marcar uma consulta com um médico especializado e serão atendidas exclusivamente no setor específico destinado ao atendimento de Enxaqueca(CEnTE)
Se você não responde bem ao tratamento ou se a sua enxaqueca não esta evoluindo bem, neste caso uma investigação mais aprofundada pode ser necessária.
 As razões de seu médico querer encaminhá-lo para um Centro especializado incluem:
  • Dúvida sobre o diagnóstico de enxaqueca;
  • Uma forma rara de enxaqueca pode ser a suspeita;
  • Outras dores de cabeça além da enxaqueca estão presentes e podem complicar o diagnóstico;
  • O tratamento não está funcionando bem para você;
  • Sua enxaqueca ou dores de cabeça estão piorando com mais frequência;
  • A seu pedido. 

Como posso ser encaminhado para um Centro Especializado no Tratamento de enxaqueca (CEnTE)?

O CEnTE  irá solicitar uma carta de encaminhamento de um médico antes de aceitarem como novo paciente. Este encaminhamento pode ser de um médico de um posto de saúde da periferia da sua cidade ou, seu médico particular (ou de convênio), mas pode ser também um médico da rede hospitalar ou outro profissional médico do SUS.


O Centro Especializado no Tratamento de enxaqueca (CEnTE) têm longas listas de espera?

O número de novos pacientes do CEnTE  pode depender muito do número de funcionários que têm e os seus horários de funcionamento. O Ambulatório  estará aberto por algumas horas por semana e a maioria tem uma lista de espera. Para a maioria das pessoas, a primeira consulta vai demorar algumas semanas.


Como devo me preparar para minha primeira consulta?

Um diário de Enxaqueca:

Antes de ir a um Ambulatório de Enxaqueca para a sua primeira consulta vale a pena manter um diário de suas crises de dor de cabeça. Manter um registro destas crises pode ser muito útil para ajudar o médico a ter uma imagem clara da enxaqueca. Isso também é importante porque, como não há nenhum exame específico para o diagnóstico de enxaqueca, muito será feito com base na sua descrição. O diário pode incluir informações sobre:
  • Quando começa a dor de cabeça (hora do dia, dia da semana)
  • Quantas vezes ocorrem às dores de cabeça
  • Onde a dor é localizada
  • O tipo de dor (latejantes, pontadas etc.)
  • Se existem sintomas associados (náuseas, vômitos,ou outros)
  • Quanto tempo as crises duram, qual foi a última crise?
  • Qual o medicamento que você toma?
  • O tratamento é eficaz ou não 
O diário pode conter muitas informações sobre vários aspectos da sua vida diária. Isso pode incluir:
  • Se você sofrer de insônia 
  • Refeições falhas ou atraso
  • As mulheres devem registrar detalhes de seu ciclo menstrual.
Muitas vezes, é útil observar se você fez alguma coisa diferente antes da crise, como a falta de uma refeição, principalmente durante as 24 horas antes da dor de cabeça começar.
Iniciar as anotações de suas crises de enxaqueca através um "Diário de Enxaqueca” (em Anexo).

Registro de medicação

O médico precisa saber os nomes e as doses de qualquer medicação que você tenha experimentado antes. Isto deve incluir remédios de ervas e tratamentos complementares (tais como acupuntura, homeopatia) que você tentou antes de procurar o CEnTE

O que vai acontecer na minha primeira consulta?

A sua primeira consulta ao CEnTE, o médico fará um levantamento detalhado de sua história clínica e sobre sua condição, incluindo dados de sua medicação prescrita e os resultados destes medicamentos, quando a sua enxaqueca começou e com que freqüência as dores de cabeça ocorrem. O médico irá perguntar sobre como você tem tomado seus medicamentos - se foram em forma de comprimido ou através de inaladores, ou injeções. Provavelmente você vai ser submetido a um exame físico. Isto pode fornecer pistas importantes para o médico. Durante sua primeira consulta o médico também fará muitas perguntas sobre a história de sua patologia atual.

Qual o tratamento que me serão oferecidos?

A natureza complexa das enxaquecas significa que os tratamentos disponíveis são variados e diferem de pessoa para pessoa. Não há atualmente nenhuma cura para a enxaqueca, existe um controle do quadro clínico e melhora da qualidade de vida. 
Uma vez que o diagnóstico de enxaqueca foi confirmado, o médico do CEnTE irá sugerir maneiras pelas quais você pode administrar as crises. Isso pode significar a tentativa de utilizar um novo medicamento, conselhos sobre seu estilo de vida, sugestões como lidar com seus sintomas e a enxaqueca para ajudar a minimizar o impacto sobre sua vida cotidiana.
Muitas pessoas apresentam pelo menos um fator desencadeante que resulta em enxaqueca. Na maioria dos casos, há um acúmulo de fatores desencadeantes, que podem incluir hábitos alimentares, mudanças de clima, mudança nos padrões de sono, falta de uma refeição e mudanças hormonais nas mulheres.
Se a sua enxaqueca não for possível ser controlada desta forma o médico pode prescrever drogas preventivas, embora isso seja necessário para a maioria das pessoas com enxaqueca.
 

Retornos para acompanhamento

Sempre é possível fazer um diagnóstico de enxaqueca na sua primeira consulta. Mas, é necessária uma série de retornos ao seu médico para controle da patologia e é importante manter um "Diário de Enxaqueca" detalhado, atualizado e sempre trazê-lo nos próximos retornos, que serão agendados. Se você  tem outro tipo de dor de cabeça será tratado e controlado no CEnTE. Depois de alguns retornos ao Ambulatório muitas pessoas acham que não precisam  mais voltar e abandonam o tratamento.Neste caso,pode ocorrer recidiva e piora do quadro clínico,devido ao abandono do tratamento.Portanto,você deve aguardar do médico a alta do tratamento proposto!

Fonte:
“Cefaléias Primárias: Aspectos Clínicos e Terapêuticos”.Fernando Ortiz;Edgard Raffaelli Jr et al. (2ª Edição). São Paulo: Editora Zeppelini, 2002.


“DIÁRIO DE ENXAQUECA”

O diário de enxaqueca é um instrumento de grande valia, é um método auxiliar no acompanhamento do tratamento, avaliando à eficácia das medicações prescritas contribuindo para uma melhor orientação profilática e principalmente no acompanhamento da evolução do quadro clínico, além de estimular à adesão ao tratamento. O diagnóstico clínico da enxaqueca é baseado nas características da dor e sintomas associados, portanto o seu conhecimento torna-se uma importante ferramenta para o diagnóstico correto. Para isso é importante que o paciente tenha e preencha corretamente um diário de enxaqueca, registrando o dia, horário de início e término da dor bem como sua intensidade e o alívio obtido após o uso da medicação.
Esses dados irão ajudar muito durante a consulta com o médico. (Siga as instruções e preencha em cada dia da semana a evolução da sua Enxaqueca).


      Nome :______________________________________Mês:______Ano:_________ 
         
Medicação Preventiva :_______________________________________Dose:______



Medicação na Crise__________________________________________Dose:_____



(Nos quadrados abaixo, marcar o número correspondente quanto a intensidade da DOR).

INTENSIDADE DA DOR: 0. AUSENTE 1.LEVE(Não Interfere nas Atividades) 2.MODERADA

(Interfere nas Atividades) 3.FORTE(Incapacita para Atividades )
(Nos quadrados abaixo, marcar o número correspondente quanto ao alívio da DOR Obtido)

ALÍVIO DA DOR: 0.NENHUM ALÍVIO 1.ALÍVIO LEVE 2.ALÍVIO MODERADO 3.ALÍVIO COMPLETO



MÊS:________DIA
01
02
03
04
05
06
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08
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15
Intensidade
da DOR

Manhã















Tarde















Noite















Madrugada















Mênstruo
(Marcar X)















Alívio da Dor

















MÊS:________DIA
16
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20
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23
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28
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30
31
Intensidade
da DOR

Manhã
















Tarde
















Noite
















Madrugada
















Mênstruo
(Marcar X)
















Alívio da Dor




































SINTOMAS ASSOCIADOS, MARCAR: N.Náuseas- V.Vômitos- FT.Fotofobia- FN.Fonofobia- OM.Osmofobia

Outros(especificar):_____________________



Mês__________ Dia
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
Sintomas
Associados
















Mês__________ Dia
16
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18
19
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27
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29
30
31
Sintomas
Associados



















HISTÓRIA DA ENXAQUECA






A dor talvez seja a principal determinante do sofrimento humano.E uma das formas mais freqüentes de dor, é a enxaqueca. Além de produzir sofrimento e incapacidade, é seguramente a causa mais comum de afastamento do trabalho, gerando um enorme ônus para a sociedade. Por essas razões deve ser considerada um sério problema de saúde pública.
A cefaléia é um fenômeno conhecido desde os primórdios da história da humanidade; descrições relativas ao quadro das cefaléias são feitas há mais de 3.000 anos a.C., segundo escritos sumerianos da época.Convém enfatizar que achados arqueológicos de civilizações neolíticas, com data aproximada de 7.000 anos a.C., já sugeriam que os povos da época tinham intensas crises de dores de cabeça, interpretadas como a presença de maus espíritos dentro do crânio.
O tratamento empregado era a trepanação, e consistia na abertura de orifícios no crânio, para a saída dos maus espíritos que causavam a dor de cabeça. Um documento datado de 1200 a.C., o papiro Ebers prescrevia tratamentos para dor de cabeça e mencionava a dor com características sugestivas de enxaqueca e neuralgias.
Neste papiro, os antigos egípcios, há 1.550 anos a.C.,gravaram uma cena de tratamento de cefaléia, descrita da seguinte forma:
“O médico deve amarrar à cabeça do paciente um crocodilo feito de barro, com olhos de louça e trigo na boca, usando uma faixa de puro linho sobre a qual devem estar escritos os nomes dos Deuses”.
Os relatos sugeriam a melhora desses pacientes, provavelmente devido a compressão das artérias dilatadas do couro cabeludo. Em 400 a.C., Hippocrates descreveu a visualização de raios luminosos precedendo a dor da enxaqueca. Ele também mencionou a possibilidade desta dor ter sido iniciada por exercícios e relações sexuais e acreditou que eram decorrentes da ascensão de "vapores" do estômago para a cabeça, uma vez que eram aliviadas por vômitos. Celsius, que viveu entre 215 e 300 d.C., observou que vinho, frio, calor e exposição ao sol poderiam provocar crises de dor de cabeça com características de enxaqueca, mas as primeiras descrições clássicas de enxaqueca foram feitas por volta do século 2 d.C. por Aretaeus da Capadócia, que se refere a uma forma de dor, unilateral ao crânio, e que ocorria a intervalos mais ou menos regulares; essa forma de dor foi descrita em livro- texto sobre a prática da Medicina.

Origem da palavra enxaqueca:
Foi Galeno de Pergamon (200 d.C. ) que denominou essa dor de Hemikrania, porque era uma cefaléia que acometia somente a metade do crânio. Como a influência árabe predominou na Península Ibérica, o vocábulo hemicrania foi traduzido por Ax- xaqiqâ; a partir de então a língua espanhola incorporou o termo como jaqueca, sendo a seguir adotado pela língua portuguesa como enxaqueca.

O vocábulo hemicrania originou Migraine na língua inglesa e francesa, transformando-se na palavra mais empregada no mundo científico.
Em vista do exposto para acompanhar a nomenclatura internacional a Sociedade Brasileira de Cefaléia resolveu adotar a palavra Migrânea para designar a afecção.
Várias personalidades ilustres da história sofriam de enxaqueca:
O Imperador Júlio César, Thomas Jefferson, Lewis Carrol, Sigmund Freud, Napoleão Bonaparte, Rainha Catarina de Médicis,Friedrich W. Nietzsche, Miguel de Cervantes,Frederick Chopin, Charles Darwin, Madame de Pompadour,Leon Tolstoy, entre outros, viveram as suas vidas acompanhados de crises marcantes de enxaqueca. Entre nós, João Cabral de Mello Neto,o maior poeta brasileiro do século passado,transformou
em poesia os efeitos da Aspirina, seu santo remédio para combater as diárias dores de cabeça com características sugestivas de enxaqueca que o atormetaram por meio século de sua existência.
Definição de Enxaqueca:
“A enxaqueca é originada por um distúrbio bioquímico cerebral herdado, é uma cefaléia crônica primária que ocorre por paroxismos, ou seja, tem um começo e um fim bem delimitados. Duas horas, no máximo até três dias, e pode ser acompanhado por náuseas, vômitos, fotofobia, fonofobia e osmofobia. É uma dor latejante, em peso ou em pressão, que se localiza na maior parte dos casos na região temporal, mas pode ocupar qualquer outra localização no crânio ou mesmo ser bilateral. Pode ser fraca, média, forte ou muito forte”.

Neste blog você encontrará o que existe de mais recente no diagnóstico e tratamento desse quadro que acomete milhões de pessoas em todo mundo. E que também pode ser melhor definido assim: “É uma reação neurovascular anormal que ocorre num organismo geneticamente vulnerável e que se exterioriza, clinicamente, por episódios recorrentes de cefaléia e manifestações associadas que geralmente dependem de fatores desencadeantes”.

Histórico:
Vale lembrar que durante séculos as causas mais diversas foram atribuídas às dores de cabeça, dentre as mais bizarras destacamos os maus espíritos.
O estudo científico da dor era obscuro e atribuía-se a dor a mecanismos psicológicos e as formas de tratamento eram as mais estapafúrdias.
Somente em 1938, quando John R. Graham publicou em parceria com seu mestre Harold G. Wolf o artigo clássico que comprovava a ação do Tartarato de Ergotamina na contração dos vasos sangüíneos dilatados durante a crise de enxaqueca, que definitivamente inicia-se a investigação moderna sobre essa afecção.

Em 1943 foi sintetizada por Stoll e Hofman a Diidroergotamina (DHE), menos tóxica do que o Tartarato de Ergotamina. E, em 1945, a DHE é indicada para o tratamento das crises de enxaqueca por Horton, Peters e Blumenthal (Mayo Clinic), sendo hoje utilizada em muitos países.

Em 1959, Sicuteri publicou artigo científico comprovando a eficácia da droga Metisergida no tratamento da enxaqueca.
Nos idos de 1984, Michael Moskowitz, propõe um modelo para explicar os mecanismos fisiopatológicos da enxaqueca, ao qual denomina “Teoria Trigêmino Vascular”.
Trata-se de uma teoria notável e ainda alvo de inúmeras pesquisas.
No fim da década de 80, o pesquisador Patrick Humphrey e colaboradores, já cientes do envolvimento de um receptor serotoninérgico no desencadeamento do quadro da enxaqueca, sintetizaram o Sumatriptano, específico para o tratamento das crises de enxaqueca e ainda hoje largamente utilizado em todo mundo.

Atualmente, essa classe de drogas chamada Triptanos, e com novas e mais eficazes substâncias (como Naratriptano, Zolmitriptano, Rizatriptano, Frovatriptano, Almotriptano e Eletriptano) tem propiciado a melhora acentuada dos pacientes vítimas de enxaqueca, com pronto restabelecimento e retorno às sua atividades normais num curto espaço de tempo, significando um grande avanço no campo da Cefaliatria(Estudo da Cefaléia),buscando uma melhor compreensão no que realmente ocorre no cérebro de uma pessoa com enxaqueca.

Historicamente outros acontecimentos marcaram época, principalmente nos idos de1959, quando foi criada a Associação Americana para o Estudo da Cefaléia (American for the Study of Headache).

Em 19 de maio de1978 foi fundada a Sociedade Brasileira de Cefaléia, que além de organizar congressos, promove simpósios, jornadas e cursos em todo o Brasil, procurando disseminar os conhecimentos mais atuais no diagnóstico e tratamento dos diferentes tipod de cefaléia.

O grande impulso dado ao estudo da cefaléia ocorreu em 1981, quando foi fundada a Sociedade Internacional de Cefaléia (International Headache Society), que teve seu primeiro congresso em 1983, em Munique. Desde então, a cada dois anos realiza congresso em diferentes partes do mundo, difundindo o estudo dessa especialidade tão complexa e ao mesmo tempo tão importante, que restitui aos pacientes cefaléicos a qualidade de vida perdida em razão do sofrimento.

Já foram descritos cerca de 200 tipos diferentes de cefaléia, cada um com seu quadro peculiar e seu tratamento diferenciado. A Sociedade Internacional de Cefaléia,publicou a Classificação e Critérios Diagnósticos das Cefaléias, Nevralgias Cranianas e Dor Facial, a partir da qual o estudo desse assunto torna-se cada vez mais aperfeiçoado, palpitante e atual.
Na década de 1960, surgiram os primeiros médicos que receberam os ensinamentos e a formação altruísta dada por John R. Graham, e que até os dias atuais são referências mundiais no campo de estudo da Cefaléia. Entre eles, destacam-se o norueguês Ottar Sjaastad e o brasileiro Edgard Raffaelli Jr (In memorian).

Se não fosse a determinação e o pioneirismo dos grandes mestres, o avanço verificado nas últimas décadas, que tanta melhora trouxe aos sofredores de enxaqueca, não teria ocorrido e provavelmente estaríamos ainda engatinhando no estudo desta afecção.

Essa introdução é um breve resumo da história da cefaléia e não tem a pretensão de ser a transcrição da história completa dessa afecção.O intuito é principiar colegas ou interessados, não familiarizados com o tema, no campo de estudo da Cefaléia.


Fonte:
“Cefaléias Primárias: Aspectos Clínicos e Terapêuticos”.Fernando Ortiz;Edgard Raffaelli Jr et al. (2ª Edição). São Paulo: Editora Zeppelini, 2002.