domingo, 27 de novembro de 2011

Novos Procedimentos para Tratamento da Enxaqueca

A enxaqueca acomete milhões de pessoas no mundo inteiro e é considerada uma das mais freqüentes condições neurológicas debilitantes com impacto na qualidade de vida das pessoas.

Atualmente há diversos procedimentos que visam amenizar ou sanar a enxaqueca que vão desde a acupuntura à terapia medicamentosa. A European Federation of Neurological Societies (EFNS) publicou recentemente diretrizes atualizadas de tratamento medicamentoso para profilaxia e crises de enxaqueca, onde foi feita uma vasta revisão da literatura que inclui enxaqueca com e sem aura. 


A classificação das desordens dolorosas de cabeça adotada pela EFNS é a segunda edição da The International Classification of Headache Disorders of International Headache Society (IHS) e as recomendações dadas baseiam-se em evidências científicas de acordo com experiências clínicas e o consenso de especialistas da EFNS.


A literatura para o estudo foi procurada nas bases de dados MedLine, Science Citation Index and Cochrane Library, onde as palavras-chave foram “migrânea” e “aura”, sendo considerados os trabalhos que descreveram experimentos-controle ou uma série de casos de tratamento de pelo menos cinco pessoas. Além disso, também foi considerado um livro de revisão sobre dor de cabeça (Olesen J et. al., 2006) e recomendações de tratamento da enxaqueca em vigor na Alemanha (Evers S. et. al., 2008).


Não há mudanças significativas dessas diretrizes em relação às revisadas em 2006. Em suma, de novo, as diretrizes recomendam para o tratamento da crise de enxaqueca o uso de antiinflamatórios não-esteroidais (AINEs) e triptanos (drogas que se ligam à partes específicas do cérebro que respondem à serotonina); acredita-se que elas tratam a enxaqueca pela contração seletiva dos vasos sangüíneos que inflamam durante um ataque ao invés da ergotamina, que contrai os vasos sangüíneos do corpo todo.

Previamente a isso, recomenda-se o uso de antieméticos, como a metoclopramida ou domperidona. A EFNS também recomenda o uso de zolmitriptano em comprimidos e em spray nasal e o rizatriptano em comprimidos em crianças e adolescentes, os quais tiveram sua eficácia comprovada; o topiramato é recomendado para o tratamento profilático de enxaqueca crônica e a toxina botulínica A não é considerada efetiva na enxaqueca episódica.


Em ataques muito severos,o sumatriptano subcutâneo são drogas de primeira escolha. A enxaqueca pode ser tratada com corticoesteróides ou diidroergotamina.

Quando se fala de profilaxia da enxaqueca, a EFNS recomenda o uso de betabloqueadores (propranolol,atelonol e metoprolol),e também flunarizina, ácido valpróico e topiramato como drogas de primeira escolha. Já as de segunda escolha, nesse caso, incluem amitriptilina,nortriptilina,e bisoprolol.

Mulheres com enxaqueca melhoram durante a gravidez

Cerca de 20% das mulheres sofrem de enxaqueca, o que é um número considerável. O problema pode ser deflagrado por oscilações hormonais, por isso é tão comum no sexo feminino. Com orientação adequada e, em muitos casos, o uso de medicamentos preventivos, é possível controlar as crises. Mas, e quando a mulher decide engravidar?
Administrar as cefaleias, de um modo geral (a enxaqueca é apenas um dos vários tipos existentes), não é tarefa simples quando a paciente está gravida, já que são poucos os medicamentos permitidos para gestantes. A boa notícia é que cerca de 75% das mulheres com o problema melhoram quando ficam grávidas. Os hormônios produzidos na gravidez protegem a mulher da cascata química que leva à enxaqueca.
Aproximadamente 15% das mulheres permanecem com o mesmo padrão de enxaqueca e outras 10% têm o problema agravado durante a gravidez. Muitas mulheres que nunca tiveram os sintomas, inclusive, começam a ter crises somente após engravidar, em especial nos três primeiros meses, fase mais crítica para o consumo de drogas.
Decidir entre tomar remédio ou não é algo que deve ser decidido após uma análise criteriosa dos riscos e benefícios.
Como não é ético fazer pesquisas de medicamentos com grávidas, é difícil que algum fármaco seja apresentado como 100% seguro para esse público. O que existe são relatos de uso em mulheres que engravidaram sem planejar e continuaram tomando a substância. A partir desse tipo de monitoramento já foi possível estabelecer a segurança de algumas drogas. Mesmo assim, quando a gestante opta pelo remédio e o bebê nasce com alguma anomalia, ainda que o problema não pareça relacionado com o uso da substância é difícil para a mulher perdoar a si mesma e ao médico.
Um dos poucos analgésicos permitidos às grávidas é o paracetamol.Mas é preciso cautela, pois o abuso da substância pode prejudicar o fígado. Para muitos casos de enxaqueca, no entanto, o remédio não resolve. Tomar um café forte, também pode ajudar quando não há analgésicos à mão, também é contraindicado por muitos obstetras, pois a cafeína acelera os batimentos cardíacos do bebê.

Dicas

Para aliviar os sintomas da enxaqueca de forma natural, recomenda-se repouso durante as crises, compressas geladas na cabeça (que ajudam a contrair os vasos) e técnicas de relaxamento, como alongamentos e massagens.
Também é aconselhável evitar situações ou alimentos que podem deflagrar a enxaqueca. Estresse e variações no padrão de sono (dormir pouco ou demais), assim como o consumo de queijos, embutidos,enlatados, chocolate, aspartame e frutas cítricas, costumam ser gatilhos para boa parte das pessoas que têm o problema.

Pós-parto

Paciente de 39 anos,que passou cerca de dez anos sem saber que sofria de enxaqueca, pois um médico atribuiu suas dores a uma sinusite. Por causa do diagnóstico incorreto e do uso de remédios que não eram indicados para o quadro, ela passou a ter dores cada vez mais frequentes. “Tinha duas, três crises por semana e quase desmaiava de dor”, lembra.
Depois de ser medicada adequadamente por um neurologista, a enxaqueca foi controlada. Mas o tratamento teve que ser interrompido assim que ela descobriu que estava grávida. Para sua sorte, ela faz parte do grupo de mulheres que se beneficia da gestação e não teve uma crise, sequer, durante os nove meses.
Dois meses após o parto, no entanto, as dores voltaram. “O Paracetamol ajudava, mas não resolvia”, comenta. Seguindo à risca os conselhos do médico para evitar os fatores deflagradores da enxaqueca, ela conseguiu administrar as crises até os seis meses do bebê, quando deixou de dar de mamar para poder voltar aos remédios.

Hormônios

Depois de dar à luz, notou que sua enxaqueca ficou diferente. “Passei a ter crises só antes do período menstrual”, conta.Esse padrão é bastante comum entre as mulheres, já que a enxaqueca está ligada a oscilações no nível de estrogênio. O uso de anticoncepcionais muitas vezes deve ser suspenso, quando há piora dos sintomas, ou então a pílula é administrada de forma contínua, para evitar os picos hormonais.
Muitas mulheres só se livram da doença de vez na menopausa, período em que a produção de estrogênio cai. Mas as que fazem reposição hormonal costumam ter o problema agravado. Nesses casos, é preciso que neurologista e ginecologista atuem em parceria, para ajustar a terapia e evitar as crises.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

DÚVIDAS FREQUENTES SOBRE ENXAQUECA

1) Enxaqueca e Dor de Cabeça são a mesma coisa?


CEnTE: Não. Enxaqueca ou migrânea é apenas um dos quase 200 tipos de dores de cabeça já descritos, porém é a mais conhecida. Por isso mesmo a palavra “enxaqueca” se tornou um sinônimo de dor de cabeça entre o público leigo.

2) Como eu sei que a minha dor de cabeça é uma enxaqueca?

CEnTE: Quando a dor dura de 4 a 72 horas, acomete um só lado da cabeça ou a cabeça toda, geralmente pulsátil, podendo também ser em peso ou pressão e pode vir acompanhada de náuseas e/ou vômitos, intolerância a luz, barulho, cheiro e movimentos. Além disso, ela começa fraca e vai ficando forte, diferente de outros tipos de dores de cabeça que ou já começam fortes ou são sempre moderadas. Mas como já foi citado – são quase 200 tipos de dores de cabeça -, é fundamental uma avaliação médica com um especialista no assunto(neurologista), para um diagnóstico correto.

3) O que é uma enxaqueca com aura?


CEnTE: Enxaqueca com aura é quando antes da dor de cabeça o paciente tem fenômenos sensitivos ou visuais. Os mais comuns são os sintomas visuais com imagens brilhantes ou luminosas, perda de parte do campo visual (visão dupla), ou flashes luminosos. Às vezes o paciente pode ter adormecimento na mão, no braço, e até na metade da língua mas é mais raro. Estes sintomas podem ser confundidos com um AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou o popular “derrame” e somente um especialista poderá diagnosticar corretamente.
Cabe observar também que mulheres que têm enxaqueca com aura devem evitar o uso de anticoncepcionais e cigarros, pois o risco de terem um AVC aumenta consideravelmente.


4) O que pode desencadear uma crise de enxaqueca?

CEnTE: Como trata-se de uma doença de múltiplas facetas como já se pronunciou um grande especialista brasileiro Prof.Dr.Edgard Raffaelli Jr.(já falecido) no assunto os fatores desencadeantes são inúmeros e variam de pessoa para pessoa. Ou seja, a sensibilidade é muito individual.
Os desencadeantes mais importantes são:;
- estresse físico e/ou emocional;
- privação de sono ou sono prolongado;
- jejum prolongado ou pular uma refeição;
- mudanças bruscas de temperatura;
- ingestão de algumas substâncias como chocolate, frutas cítricas, queijos amarelos, embutidos,enlatados, molhos vermelhos, glutamato monossódico, aspartame, bebidas alcoólicas principalmente o vinho tinto;
- exposição a odores fortes ou ruídos muito altos;
- nas mulheres a queda dos níveis hormonais que ocorrem no período menstrual.



5) Criança tem enxaqueca?

CEnTE: Sim, desde muito pequenas. Estudos mostram que 1 a cada 4 crianças até 05 anos teve pelo menos 01 episódio de enxaqueca nos últimos 12 meses.
Muitas vezes esta queixa não é valorizada pelos pais, sendo considerada “manha”, ou desculpa para não ir à aula ou cumprir alguma outra tarefa. Porém, quando a queixa é muito freqüente geralmente elas são levadas ao oftalmologista, otorrinolaringologista e só então lembram do neurologista. Os desencadeantes são os mesmos dos adultos. Deve-se registrar também que as crianças enxaquecosas geralmente são bons alunos por terem um perfil perfeccionista.


6) O que pode acontecer se eu usar analgésicos diariamente?

CEnTE:O uso de analgésicos não deve ultrapassar 2 a 3 dias por semana. O uso contínuo pode levar a cefaléia crônica diária.Neste caso as dores tornam-se frequentes devendo ser prescrito um tratamento preventivo diferente dos medicamentos sintomáticos.

7) Eu não tenho depressão, mas me receitaram antidepressivo para tratar a minha dor de cabeça. Por quê?

CEnTE: Existe uma classe de antidepressivos chamados tricíclicos que funcionam muito bem no tratamento preventivo das enxaquecas. Eles agem numa substância chamada serotonina que se relaciona tanto com a enxaqueca como com a depressão. São poucas as drogas usadas exclusivamente para tratar a enxaqueca.

8) Mesmo tendo pressão normal o médico me receitou um remédio para pressão para tratar a minha dor de cabeça. Por quê?

CEnTE: A experiência clínica e vários estudos comprovam que a utilização destes medicamentos, em doses baixas, contribuem na prevenção da enxaqueca sem afetar a pressão do paciente.

9) O que é cefaléia em salvas?

CEnTE: É descrita como a pior das dores de cabeça. Dizem que é mais forte que cólica renal, cólica de vesícula e dor do parto. Felizmente é rara, afetando cerca de 1 em 1000 pessoas e é 5 vezes mais comum em homens do que em mulheres. A dor acomete só um lado da cabeça e se localiza na fonte, órbita ou atrás do olho. Vem acompanhada de sinais bem evidentes só do lado da dor: queda da pálpebra, congestão ocular, lacrimejamento, obstrução nasal e coriza.A dor é em facada,como se tivesse um ferro em brasa no crânio. As dores geralmente ocorrem de madrugada acordando o paciente, mas podem ocorrem também durante o dia. É a chamada cefaléia suicida. Na suspeita dessa dor deve ser procurado imediatamente um médico especialista para tirar o paciente da crise.

10) Tratamento para enxaqueca engorda?

CEnTE: Depende. Não podemos esquecer que no período das crises o paciente além de se alimentar mal ele pode ter náuseas e vômitos. Quando ele melhora naturalmente vai se alimentar melhor. Por isso tem que ter cuidado com a dieta. É claro que existem alguns medicamentos que podem aumentar o apetite e consequentemente o peso. Estes deverão ser evitados naqueles pacientes que tem tendência a engordar.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

"HISTÓRIA DE UMA PACIENTE COM ENXAQUECA".


Paciente A.F.G., 37 anos,residente em Ribeirão Preto, foi o retrato fiel do porque de as pessoas não melhorarem. A dor de cabeça intensa marcou sua vida desde os 22 anos, e tudo o que havia feito até então era entupir-se de analgésicos e procurar médicos de seu convênio, que nunca dedicaram mais de 15 minutos para as consultas. O resultado dessas consultas era, invariavelmente, a solicitação de vários exames (raio X, eletroencefalograma, tomografias, ressonâncias magnéticas, etc) e a prescrição de mais analgésicos. A dor, do tipo enxaqueca, com crises intermitentes.Sempre piorava com esforços físicos de rotina, como pisar no chão de forma mais forte. Sua vida tornou-se um martírio e nenhuma atividade podia ser assumida, pois a dor sempre aparecia nos momentos mais importantes. Há 19 anos passou a ter dor de cabeça todos os dias. O tratamento que vinha fazendo no momento da primeira consulta conosco era inacreditável: tomava de seis a oito comprimidos de cafergot®, oito a dez de tylenol®, seis de neosaldina® e quatro de melhoral® quase todos os dias há quinze anos. Não obstante, ainda sentia dor de cabeça em pelos menos cinco dias na semana.
Como sempre acontece com quem abusa de analgésicos, relatou ter tentado inúmeros tratamentos sem, no entanto, suspender o consumo excessivo de seus remédios para a dor. Resultado: nunca efetivamente melhorou.Quando a avaliamos na primeira consulta, suspendemos tudo o que era utilizado por ela. Após um período inicial de seis dias sem qualquer medicação,a paciente pôde iniciar o seu tratamento diário.Para nossa alegria, no primeiro retorno à clínica, cinco semanas depois, já apresentava vários dias sem sinais de dor.Hoje, A.F.G. leva uma vida normal, tendo retornado ao trabalho e redescoberto o lazer e a qualidade de vida.