quinta-feira, 17 de outubro de 2013

18 de Outubro - Dia do Médico!


Neste 18 de outubro, comemora-se o Dia do Médico, em referência ao dia consagrado pela Igreja Católica a São Lucas, padroeiro da medicina. O santo, que foi um dos quatro evangelistas, escreveu o “3º Evangelho”  do Novo Testamento da Bíblia.
Era médico, pintor, músico e historiador. São Lucas nasceu na Antióqua (atual Turquia), no início do século I. Bondoso, abnegado, peregrinou por muitos lugares curando as pessoas e desafiando instituições políticas. Não conheceu Jesus, mas escreveu o Evangelho, transmitindo suas palavras. Morreu aos 80 anos e seus restos mortais estão na Basílica de Santa Justina, em Pádua, na Itália.
São Lucas é o santo dos médicos. Seu nome, como patrono da classe,deve-se às suas ações que, naquela época, aliviaram o sofrimento de muitos doentes. Desse modo, adotou-se o dia do santo médico para homenagear todos aqueles que, com a mesma tenacidade e dedicação como São Lucas,salvam vidas, curam doenças e atenuam os males da saúde.


“ONDE HOUVER AMOR À ARTE DA MEDICINA,EXISTIRÁ TAMBÉM AMOR PELA HUMANIDADE”(HIPÓCRATES).

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Conhecendo melhor a Enxaqueca

A OMS (Organização Mundial de Saúde) apontou a enxaqueca como a quarta doença crônica mais incapacitante no mundo, atrás apenas da tetraplegia, psicose e demência. A dor intensa de cabeça, que pode vir associada a outros sintomas, é tão perturbadora que, nos Estados Unidos, o governo calcula perder US$ 12 milhões por ano com funcionários que faltam ao trabalho por causa da patologia.

Por definição, enxaqueca é uma cefaleia benigna, isto é, não está relacionada a tumores ou outras moléstias graves. Na crise, o paciente pode sentir intolerância à luz e a cheiros, náuseas, vômito e tonturas. A dor é pulsátil ou latejante, ocorrendo de um lado da cabeça, ou alternando de um lado para outro durante os episódios. A duração vai de quatro a 72 horas e costuma piorar com esforço físico e melhorar com repouso e sono.
Algumas pessoas, antes de a dor chegar, podem sofrer com perturbações visuais (enxergar pontos luminosos, por exemplo) ou formigamentos em alguma parte do corpo. E é importante não confundir dor de cabeça forte com enxaqueca. A Sociedade Internacional de Cefaleia reconhece mais de 150 modalidades de dor de cabeça, e a enxaqueca é uma delas.

A cefaleia é o termo usado para qualquer dor localizada no crânio ou na face. Já a enxaqueca é uma forma específica de dor de cabeça, uma síndrome caracterizada por ser latejante, geralmente unilateral, acompanhado por náuseas, vômitos, sensibilidade a luz ou barulho e cheiro, sendo uma dor de média e alta intensidade.
Trata-se de uma doença transmitida por meio de genes, que pode ou não causar crises de dor de cabeça. Quer dizer, é possível o sujeito sofrer com enxaqueca sem apresentar dor.
Há pacientes sem queixa alguma, outros com incômodos bem pouco frequentes e terceiros com crises constantes e incapacitantes. E são estes últimos que, em geral, procuram ajuda médica.

A disfunção, portanto, é genética, um distúrbio neurovascular crônico. Isso quer dizer que, caso você tenha os sintomas, é muito provável que seus pais também tenham. Em cerca de 15% dos casos, o quadro de dor é precedido por uma aura premonitória que envolve sinais neurológicos ,como as alterações visuais. Sem tratamento, a crise típica pode durar até três dias.

Para caracterizá-la e ter certeza do diagnóstico, é necessário apresentar mais de dois dos sintomas: dor unilateral, dor de intensidade média ou forte, latejamento e piora com a movimentação; e um dentre os sinais náusea ou vômito, fotofobia (sensibilidade à luz) ou fonofobia (desconforto provocado por sons) e osmofobia (intolerância a cheiros).

O diagnóstico é feito em consultório, com levantamento de dados do histórico e da análise neurológica normal. O estudo do paciente serve para descartar outras doenças que poderiam, supostamente, estar causando os sintomas.

Como a enxaqueca é uma disfunção bioquímica e genética do cérebro, não aparece em nenhum exame complementar. Se fizermos um pet scan durante uma crise, veremos alterações já conhecidas e não suficientes para comprovar o problema, cuja diagnostico é essencialmente clínico e baseado em um levantamento histórico criterioso e completo. Em testes de ressonância magnética funcional do cérebro nos últimos dez anos, também tem se evidenciado que o cérebro de pacientes com o distúrbio apresenta alterações em áreas de processamento da dor, mas isso não serve para diagnóstico. Cuidado com a quantitade de exames solicitados. Isso não é correto e nem justificável.

Quanto à prevalência da enxaqueca, ela ataca mais as mulheres do que os homens: estudos mostram que de 15% a 18% das mulheres e 6% dos homens apresentam sintomas característicos da doença. Na população em geral, a incidência atinge 11%. E, embora o primeiro ataque possa acontecer até na velhice, o mais comum é surgir já na adolescência.

A frequência das crises é de 1,5 ao mês, mas pelo menos 10% sofrem com ataques semanais. A duração média é de 24 horas, sendo que 20% se estende a dois ou três dias. No Brasil, cerca de 1% da população tem pelo menos um episódio por semana.

O tratamento mais eficaz é calcado em três pilares. O primeiro deles é a educação do paciente, com orientações sobre o que é a doença e como reduzir seu impacto. Em segundo, há métodos preventivos com emprego de drogas de uso diário que vão modular os mecanismos do distúrbio no cérebro.

Nesse sentido, podemos usar medicamentos como neuromoduladores, betabloqueadores e antidepressivos tricíclicos. Todos, em maior ou menor grau, regulam os sistemas dos diferentes neurotransmissores. Por fim, na hora de cuidar da crise propriamente dita, o médico pode combinar triptanos com anti-inflamatórios.

 Há, ainda, outra opção, como o uso de toxina botulínica, que está sendo testada em indivíduos que não reagem a outros tipos de medicamentos.

Importante: a maioria dos médicos defende que medidas preventivas devem ser instituídas quando acontecem pelo menos dois ataques por mês, ou quando há aumento na incidência das crises. Como as medicações costumam apresentar efeitos indesejáveis, devem ser prescritas por médicos experientes. Acredita-se que, em média, 2/3 dos portadores que recebem tratamento preventivo se beneficiam com redução de 50% no número de ataques.

Como doença neurológica genética, ela realmente não tem cura. No entanto, os sintomas, sejam dor de cabeça ou não, podem desaparecer espontaneamente um dia ou como consequência de um tratamento bem feito.

Existem muitos pacientes, pelo menos 90% que ficaram sem crises de dor  após tratamentos bem empregados. Alguns permaneceram assim mesmo com a suspensão dos medicamentos, pois adotaram hábitos saudáveis como a regularidade de alimentação e sono, e administração do estresse.
Em muitos pacientes, em especial nas mulheres, a dor pode desaparecer com a menopausa, por conta de fatores hormonais.
 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Dúvidas frequentes sobre Cefaleias e Enxaqueca

1.Enxaqueca e cefaleia são sinônimos?
- Cefaleia é o nome que se dá a qualquer tipo de dor de cabeça. Já a enxaqueca é uma doença neurológica e genética que vem acompanhada de dor de cabeça. A dor é descrita como latejante e unilateral e os pacientes costumam apresentar outros sintomas durante a crise, como sensibilidade à luz e ao som, intolerância a odores, náuseas e vômito
 
2.Café é bom para dor de cabeça?
-Em pequenas quantidades, a cafeína, presente no café, pode funcionar como analgésico. Isso porque ela tem efeito vasoconstritor, ajudando na manutenção do calibre dos vasos cerebrais que, na dor de cabeça, ficam dilatados. No entanto, se ingerida em doses maiores que 200 mg por dia por mais de duas semanas, pode causar dor de cabeça se deixar de ser ingerida abruptamente, como uma crise de abstinência.
 
3.Dor de cabeça frequente pode ser uma disfunção da ATM?
- A disfunção da articulação têmporo-mandibular é uma causa de cefaleia ou de agravamento de dores de cabeça de outra natureza, pois os músculos mastigadores, sobrecarregados pela alteração de função da articulação, geram impulsos dolorosos.
 
4.Alimentos gordurosos e bebidas alcoólicas pioram a dor de cabeça?
-Quem sofre de enxaqueca, pode ter as crises pioradas com a ingestão de bebidas alcoólicas e, em pessoas mais sensíveis, ao comerem alimentos gordurosos.
 
5.Dor de cabeça frequente pode ser tumor cerebral?
- Nem todos os pacientes com tumores cerebrais têm cefaleia. No entanto, se uma pessoa que não sofre de dor de cabeça começa a ter dores frequentes com piora progressiva, aconselha-se consultar um neurologista para melhor investigação.
 
6.Problemas no fígado ou estômago causam enxaqueca?
- Não há indícios de relação entre a dor de cabeça e tais doenças. Alguns alimentos, no entanto, podem deflagrar crises de enxaqueca e causar mal-estar em pessoas sensíveis a eles. Nestes casos, a dor é desencadeada pela ingestão desses produtos e não por alguma questão digestiva. 
 
7.Enxaqueca não tem cura, mas pode ser controlada e desaparecer algum dia?
- Como é uma doença genética, não tem cura. No entanto, os sintomas (entre eles a dor de cabeça) podem desaparecer com tratamentos eficientes ou mesmo espontaneamente a qualquer momento. O principal é o tratamento preventivo, para evitar que venham as crises.
 
8.Problemas de visão podem desencadear dor de cabeça?
-Apenas o astigmatismo (visão embaralhada) pode causar cefaleia mediante grandes esforços para enxergar, como a leitura de um livro sem lentes de correção. Já os outros tipos de problemas não têm relação com a dor de cabeça.
 
9.Exercícios físicos ajudam a aliviar a dor de cabeça? 
- A prática regular de exercícios evita que venham as crises de dor de cabeça, pois o organismo produz endorfinas, regulariza a produção de neurotransmissores e o organismo torna-se mais resistente à dor. As cefaleias do tipo tensional (causadas por tensão ou contração dos ombros, pescoço, couro cabeludo e face) são aliviadas pelo exercício, mesmo na hora da dor. Já a atividade física durante uma crise de enxaqueca pode piorá-la,portanto os exercícios físicos devem ser evitados.
 
10.Quem tem pressão alta sofre mais de dor de cabeça do que quem não tem?
- Não há indícios de relação entre a cefaleia e o aumento da pressão sanguínea. Na maioria da vezes, a pressão alta é uma resposta do organismo à dor, uma consequência da dor de cabeça e não a causa.
 
11.Colocar algo gelado sobre a testa melhora a dor de cabeça?
- Issso só é válido para quem sofre de enxaqueca. Durante as crises, colocar sobre a testa qualquer material gelado, como bolsas de água e toalhas molhadas, pode aliviar as dores. Na enxaqueca ocorre dilatação dos vasos extracranianos e o estímulo frio causa vasocontrição, que ajuda a melhorar a crise.
 
12.As crises de dor de cabeça pioram após a menopausa?
- De modo geral, as cefaleias, especialmente a enxaqueca, melhoram após a menopausa. Isso se dá porque após a menopausa não ocorrem mais as flutuações dos níveis de estrogênio que, com frequência, desencadeiam as crises de enxaqueca.
 
13.Dor de cabeça forte e frequente é indício de alguma doença grave?
- Há tipos de dor de cabeça primárias, como a enxaqueca e a cefaleia em salvas (com duração de 15 a 180 minutos ) que podem causar grande dor, mas sem gravidade. Já tumores e aneurismas, apesar de geralmente causarem dor de cabeça, são doenças de evolução muito rápida. Por isso, não podem causar cefaleias de evolução crônica e prolongada. Em todos os casos, vale uma investigação mais profunda e uma consulta ao neurologista para melhor investigação.
 
14.Alimentos muito gelados podem dar dor de cabeça?
- Em pessoas mais sensíveis, qualquer alimento ou líquido gelado pode deflagrar crises intensas e de duração breve, geralmente passam em segundos e diminuem de frequência se o paciente ingere o alimento gelado em velocidade e quantidades menores.
 
15.Quem tem sinusite vai ter também dor de cabeça?
- A sinusite aguda (causada por uma gripe ou resfriado mal curados ou devido à uma reação alérgica) pode vir acompanhada de dor nos seios da face. Já a sinusite crônica (que geralmente acomete pessoas com asma ou com alergia a poeira, mofo, pólen e poluição) não causa dor de cabeça.
 
16.Estresse, ansiedade, tensão e preocupações causam dor de cabeça?
- Estas manifestações podem disparar os sistemas de defesa do organismo, como o da dor.Com isso, podem, eventualmente, causar cefaleia. Mas quando a dor de cabeça começa a ficar frequente, ela deve ser investigada mais a fundo, pois pode ter outras razões além do estresse.
 
17.AVC e aneurisma começam com uma forte dor de cabeça?
- Alguns AVCs podem começar com cefaleia, embora não seja o mais comum. Já os aneurismas só causam dor de cabeça quando se rompem. O aneurisma existe por décadas antes de se romper, geralmente sem nenhum tipo de sintoma ou sinal.
 
18.Para qualquer tipo de dor de cabeça, iniciar o tratamento o mais rápido possível com analgésicos é o ideal?
- Doses progressivamente altas e frequentes de analgésicos ao longo dos anos podem cronificar a cefaleia, tornando-a um problema crônico.O tratamento ideal, nestes casos, é com drogas que modulam os mecanismos da dor no cérebro e não com drogas que atuam apenas no sintoma dor.
 
19.As enxaquecas na mulher tendem a ser mais concentradas no período menstrual ou pré-menstrual?
-Um dos maiores estímulos deflagradores de crises de enxaqueca é a variação do estrogênio no período pré-menstrual. Isso faz com que algumas mulheres piorem muito ou mesmo tenham dor apenas nessas fases do mês.
 
20.Vento frio no rosto dá dor de cabeça?
- Existe a cefaleia do estímulo frio (tanto por ingestão de alimentos ou bebidas geladas, como também por frio ambiental), que pode causar dor de cabeça em pessoas mais sensíveis. Isso ocorre devido à sensibilização e à estimulação intensa dos receptores de dor causadas pela diminuição da temperatura.
 
21.Quem tem bruxismo pode acordar com dor de cabeça?
- Os músculos mastigadores de quem sofre deste mal trabalham de forma muito mais acentuada do que o normal e eles não são adaptados para isso. São músculos que podem desenvolver grandes contrações, porém não por tempo prolongado. Isso provoca dor na musculatura da mastigação, que pode se irradiar para o vértex craniano, dando origem a uma dor semelhante à da cefaleia tensional. Porém nesta, a dor é geralmente na região posterior do crânio, na região frontal ou em toda a cabeça.
 
22.Quem tem dor de cabeça deve evitar comer chocolate?
-Apenas os pacientes que percebem clara relação entre a ingestão do chocolate e a crise de dor de cabeça devem evita-los(Leia mais sobre alimentos que desencadeiam crises de Enxaqueca neste blog).

domingo, 30 de junho de 2013

CEnTE:Centro Especializado no Tratamento de Enxaqueca

Dr.Fernando Ortiz - Diretor Clínico do CEnTE

Esta introdução explica o papel do Centro Especializado no Tratamento de Enxaqueca. Convém ressaltar, que a dor talvez seja a principal determinante do sofrimento humano. E é esse o principal objetivo do CEnTE, que aborda e trata uma das formas mais frequentes de dor, que é a enxaqueca. A enxaqueca, além de produzir sofrimento e incapacidade, é seguramente à causa mais comum de afastamento do trabalho, gerando um enorme ônus para a sociedade. Por essas razões deve ser considerado um sério problema de saúde pública.
Pessoas que sofrem de Enxaqueca e não fazem tratamento apresentam mais riscos de sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral). O aumento do risco de AVC nos pacientes com Enxaqueca ocorre devido à diminuição da irrigação sanguínea no cérebro durante uma crise de Enxaqueca.
Durante a crise de Enxaqueca o paciente sofre uma isquemia cerebral rápida, que normalmente restabelece sozinha. Mas, em alguns pacientes essa isquemia se mantém provocando o que chamamos de Infarto Enxaquecoso!!
 

O que é Centro Especializado no Tratamento de Enxaqueca (CEnTE)? 

O Centro Especializado no Tratamento de Enxaqueca é um Ambulatório especializado no diagnóstico e tratamento de enxaqueca e dores de cabeça. O Ambulatório esta vínculado a um serviço de neurologia de um hospital e é dirigido por um neurologista expert em enxaqueca e cefaléias. O ambulatório é compostos por equipes multidisciplinares.
O Ambulatório de enxaqueca será capaz de confirmar se as dores de cabeça são decorrentes da enxaqueca, reverter o quadro clínico e rever o tratamento atual e sugerir maneiras pelas quais o paciente possa administrar sua condição de sofredor de enxaqueca.
O profissional médico do CEnTE irá, além de tratar, repassar conhecimentos sobre a enxaqueca e propor tratamentos eficazes, muitas vezes,  capaz de reverter o quadro clínico e controlar as crises de enxaqueca.

Como é feito o diagnóstico de Enxaqueca?

O diagnóstico da enxaqueca é clínico, não havendo marcadores biológicos para confirmá-lo. Mesmo outros exames complementares (registros gráficos, exames de imagem ou angiografia cerebral) não contribuem para firmar o diagnóstico, sendo, entretanto, úteis para o descarte de patologias estruturais que provocam cefaléia semelhante à enxaqueca. A avaliação de um paciente com cefaléia depende fundamentalmente de uma história cuidadosa e de exame clínico pormenorizado, portanto é imprescindível a Anamnese, que é uma palavra derivada do grego e significa nova lembrança. Descrita assim por Alvan Feinstein: “A Anamnese, o procedimento mais sofisticado da medicina é uma técnica de investigação extraordinária, em pouquíssimas outras formas de pesquisa científica o objeto observado fala.” 

Será que todas as pessoas com enxaqueca necessitam recorrer ao  CEnTE?

 

A maioria das pessoas que sofrem de enxaquecas ou com suspeita de ser portadora desta patologia, devem marcar uma consulta com um médico especializado e serão atendidas exclusivamente no setor específico destinado ao atendimento de Enxaqueca(CEnTE)

Se o paciente não responde bem ao tratamento ou se a sua enxaqueca não esta evoluindo bem, neste caso uma investigação mais aprofundada pode ser necessária.

 As razões de um médico querer encaminhar um paciente para Centro Especializado no Tratamento de Enxaqueca,  incluem:
  • Dúvida sobre o diagnóstico de enxaqueca;
  • Uma forma rara de enxaqueca pode ser a suspeita;
  • Outras dores de cabeça além da enxaqueca estão presentes e podem complicar o diagnóstico;
  • O tratamento não está funcionando bem;
  • O quadro de enxaqueca ou dores de cabeça está piorando com mais frequência;
  • A pedido.

 Como encaminhar para um Ambulatório de enxaqueca? 

O Centro Especializado no Tratamento de Enxaqueca irá solicitar uma carta de encaminhamento de um médico antes de aceitarem um novo paciente. Este encaminhamento pode ser de um médico de um posto de saúde da periferia da cidade ou, médico particular (ou de convênio), mas pode ser também um médico da rede hospitalar ou outro profissional médico do SUS. 

O Centro Especializado no Tratamento de Enxaqueca têm longas listas de espera?

 

O número de novos pacientes do Centro Especializado no Tratamento de Enxaqueca pode depender muito de seus horários de funcionamento. O Ambulatório  estará aberto por algumas horas por semana e tem uma lista de espera, que são pacientes previamente agendados. Para a maioria das pessoas, a primeira consulta pode demorar alguns dias.

Como um paciente deve se preparar para a primeira consulta?

Um diário da enxaqueca:

Antes de ir ao Centro Especializado no Tratamento de Enxaqueca  para a primeira consulta é melhor levar um diário das crises de dor de cabeça. Este registro destas crises será muito útil para ajudar o médico a ter uma imagem clara da enxaqueca. Isso também é importante porque, como não há nenhum exame específico para o diagnóstico de enxaqueca, muito será feito com base na descrição da patologia. O diário pode incluir informações sobre:
  • Quando começa a dor de cabeça (dia da semana)
  • Quantas vezes ocorrem às dores de cabeça
  • Onde a dor é localizada
  • O tipo de dor (latejante ou em pontadas, etc.)
  • Se existem sintomas associados (náuseas, vômitos, ou outros)
  • Quanto tempo as crises duram, qual foi à última crise?
  • Qual o medicamento que o paciente faz uso?
  • O tratamento é eficaz ou não?  
O diário pode conter muitas informações sobre vários aspectos da vida diária do paciente. Isso pode incluir:
  • Se ele sofre de insônia 
  • Refeições falhas ou atraso
  • As mulheres devem registrar detalhes de seu ciclo menstrual.
 Muitas vezes, é útil observar se o paciente fez alguma coisa diferente antes da crise, como a falta de uma refeição, principalmente durante as 24 horas antes da dor de cabeça começar.
Iniciar as anotações das crises de enxaqueca através deste "Diário de Enxaqueca”.

Registro de medicação

O médico precisa saber os nomes e as doses de qualquer medicação que o paciente tenha experimentado antes. Isto deve incluir medicamentos a base de ervas e tratamentos complementares (tais como acupuntura, homeopatia) que o paciente tentou antes de procurar o Centro Especializado no Tratamento de Enxaqueca .

O que vai acontecer na primeira consulta? 

 

Na primeira consulta ao Centro Especializado no Tratamento de Enxaqueca sera feito um levantamento detalhado da história clínica e sobre a condição do paciente, incluindo dados da medicação prescrita e os resultados destes medicamentos, quando a enxaqueca começou e com que freqüência as dores de cabeça ocorrem. O médico irá perguntar sobre como o paciente tem tomado seus medicamentos, se foram em forma de comprimido ou através de inaladores, ou injeções. Ira submeter o paciente a um exame físico, e isto poderá fornecer dados importantes para o médico. Durante a primeira consulta o médico também fará muitas perguntas sobre a história de outras patologias.

Qual o tratamento que será oferecido? 

 

A natureza complexa das enxaquecas significa que os tratamentos disponíveis são variados e diferem de pessoa para pessoa. Não há atualmente nenhuma cura para a enxaqueca, existe um controle do quadro clínico e melhora da qualidade de vida. 
Uma vez que o diagnóstico de enxaqueca foi confirmado, o médico do Centro Especializado no Tratamento de Enxaqueca irá sugerir maneiras pelas quais o paciente possa administrar as crises. Isso pode significar a tentativa de utilizar um novo medicamento, conselhos sobre seu estilo de vida, sugestões sobre a alimentação e como lidar com os sintomas da enxaqueca para ajudar a minimizar o impacto sobre a vida cotidiana do paciente.
Muitas pessoas apresentam pelo menos um fator desencadeante que resulta em enxaqueca. Na maioria dos casos, há um acúmulo de fatores desencadeantes, que podem incluir hábitos alimentares, mudanças de clima, mudança nos padrões de sono, falta de uma refeição e mudanças hormonais nas mulheres.
Se a enxaqueca não for possível ser controlada desta forma o médico pode prescrever medicação preventiva, embora isso seja necessário para a maioria das pessoas com enxaqueca.

Retornos para acompanhamento

 

Sempre é possível fazer um diagnóstico de enxaqueca na primeira consulta. Mas, é necessária uma série de retornos ao médico para controle da patologia e é importante manter um "Diário de Enxaqueca" detalhado, atualizado e sempre trazê-lo nos próximos retornos, que serão agendados. Se o paciente  tem outro tipo de dor de cabeça será tratado e controlado no Centro Especializado no Tratamento de Enxaqueca. Depois de alguns retornos ao ambulatório algumas pessoas acham que não precisam  mais voltar e abandonam o tratamento. Neste caso, pode ocorrer recidiva e piora do quadro clínico, devido ao abandono do tratamento. Portanto, o paciente deve aguardar do médico a alta do tratamento proposto!


Fonte:“Cefaléias Primárias: Aspectos Clínicos e Terapêuticos”. Fernando Ortiz; Edgard Raffaelli Jr et al. (2ª Edição). São Paulo: Editora Zeppelini, 2002.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Descoberto primeiro gene vinculado à enxaqueca

Pesquisadores descobriram o primeiro gene cuja mutação está fortemente associado à forma mais comum de enxaqueca, o que poderia abrir o caminho para uma compreensão melhor desta doença de causas desconhecidas, segundo estudo publicado em 01/05/2013 nos Estados Unidos.
"Trata-se do primeiro gene descoberto no qual uma mutação está relacionada com a forma mais comum de enxaqueca", explicou Louis Ptacek, professor de Neurologia da Universidade da Califórnia em São Francisco,um dos principais autores desta pesquisa.
"Isto lança uma primeira luz sobre uma doença que ainda não entendemos claramente", disse, acrescentando que "só um número muito pequeno de pacientes com enxaqueca tem este gene mutante".
Mas o gene chamado CKIdelta "certamente não é o único envolvido na enxaqueca", destacou, dizendo-se "certo" de que "vários outros genes desempenham um papel importante".
Este é o primeiro passo para compreender a enxaqueca, que afeta de 10% a 20% da população e causa "enormes perdas de produtividade", complementou Ptacek.
Os sintomas típicos da doença são forte dor de cabeça e hipersensibilidade ao som, ao olfato e à luz.
Para este trabalho, cujos resultados são publicados na revista americana Science Translational Medicine, os cientistas fizeram um estudo genético com duas famílias em que a enxaqueca é comum.
Eles descobriram que a maioria dos membros portadors de enxaqueca possuíam o gene mutante ou são filhos de pais que tinham este gene.
No laboratório, os autores do estudo descobriram que a mutação do gene CKIdelta afetava a produção de uma proteína chamada quinase CK2, que desempenha um importante papel em muitas funções vitais no cérebro e no resto do corpo.
"Isto nos diz que esta mutação genética tem consequências bioquímicas reais", concluíu Ptacek.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Adesivo aprovado nos EUA é eficaz contra enxaqueca

Para os sofredores de Enxaqueca há uma nova esperança:Um adesivo que libera o sumatriptano (susbtância já usada no tratamento da patologia) diretamente na corrente sanguínea foi aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration), a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos.
A administração de medicamentos via adesivo não é uma novidade, mas esse dispositivo utiliza uma nova tecnologia, um mecanismo da iontoforese para liberar o medicamento. Esse adesivo tem dois polos, um positivo e outro negativo, sendo um com o sumatriptano e outro com duas pequenas baterias. Elas geram uma pequena corrente elétrica, imperceptível e indolor, liberando, assim, a substância.
O Zecuity, nome comercial do dispositivo com sumatriptano, pode ser administrado pelo paciente e, quanto antes for utilizado, melhor. Quanto mais cedo o paciente ligar esse dispositivo durante a crise, mais rápido a enxaqueca passa. Não basta só colar o adesivo, é preciso pressionar o botão e observar, pois enquanto a luz estiver piscando, significa que a substância ainda está sendo liberada.
Mas,há uma desvantagem do adesivo,que é o seu custo alto, US$ 90 (cerca de R$ 180) cada um,isto é devido à tecnologia usada no dispositivo. O sumatriptano via oral custa R$ 15  e a injeção subcutânea dessa mesma substância custa de R$ 40 a R$ 50.Sendo que a injeção ainda é a forma mais rápida de receber a medicação. Ela demora 10 minutos para agir no corpo, mas há o desconforto causado pela agulha.
O lançamento desse produto em outros países (ele ainda não está disponível no Brasil) tenderá a baratear o seu custo. E a absorção do adesivo é bem mais rápida que a medicação por via oral.
O adesivo é prescrito para paciente com dores episódicas de cabeça. Se um paciente tiver duas crises de enxaqueca por mês, ele deve usar o adesivo, mas se a situação for crônica é necessário o uso de medicação preventiva e até tratamentos mais sofisticados, como a injeção de toxina botulínica em pelo menos 31 pontos específicos da região crânio-cervical.
A contraindicação do adesivo é para pacientes grávidas e pacientes com doenças coronárias e cardíacas. Pois,a substância diminui o calibre dos vasos e isso aumenta o risco de infarto.

terça-feira, 7 de maio de 2013

CONHEÇA A ENXAQUECA

A dor de cabeça é uma das queixas mais freqüentes na prática médica do dia-a-dia e constitui um importante problema de saúde pública no mundo inteiro. Estima-se que mais da metade da população apresenta algum tipo de cefaléia em alguma fase da vida. Esse tipo de queixa constitui uma das causas mais freqüentes de absenteísmo, e seu impacto socioeconômico é muito grande.
Nas últimas décadas houve avanços significativos no estudo das cefaléias, principalm
ente no que tange aos mecanismos fisiopatológicos, fatores etiológicos e à abordagem terapêutica.Há mais de 200 tipos diferentes de cefaléia conhecidos e o capítulo do diagnóstico diferencial dessa queixa é um dos mais ricos da medicina.
As cefaléias podem ser desdobradas em primárias e secundárias, sendo a enxaqueca ( ou migrânea) uma das cefaléias primárias mais freqüentes.


Definição

 
A enxaqueca é uma forma de cefaléia crônica primária que pode ser definida como uma reação neurovascular anormal que ocorre num organismo geneticamente vulnerável e que se exterioriza, clinicamente, por episódios recorrentes de cefaléia e manifestações associadas que geralmente dependem de fatores desencadeantes. Essa definição, embora incompleta, tem o mérito de incorporar dois fatores fundamentais da enxaqueca: o endógeno(genético) e o exógeno(ambiental). Quando ocorre a conjugação desses fatores pode exteriorizar-se a crise enxaquecosa. Embora a enxaqueca seja um quadro crítico, em certos pacientes ela pode ser mais abrangente configurando o chamado episódio enxaquecoso que evolui em cinco fases: sintomas premonitórios, aura, fase álgica(cefaléia e manifestações associadas), resolução da fase álgica e quadro pós-crítico ou de recuperação.
O caráter genético da enxaqueca é inquestionável embora em muitos casos seja ainda impreciso. O histórico familiar da enxaqueca muitas vezes constitui um pré-requisito para o diagnóstico. A freqüência do quadro enxaquecoso em algumas famílias sugere uma transmissão do tipo dominante. A freqüência da enxaqueca em gêmeos idênticos é maior do que em gêmeos fraternos. Algumas formas de enxaqueca não têm um padrão genético estabelecido e podem obedecer a mecanismos multifatoriais.
Os fatores exógenos ou ambientais podem atuar como desencadeantes da crise. Eles são diversificados e entre os principais podem ser mencionados: distúrbios emocionais (ansiedade, depressão , irritabilidade...), modificações do ciclo vigília-sono ( excesso ou privação de sono), ingestão de determinados alimentos (chocolate, queijos maturados, produtos defumados, uso de glutamato monossódico, como tempero, presença de conservantes químicos em certos alimentos), ingestão de bebidas alcoólicas ( principalmente vinho tinto), jejum prolongado, modificações hormonais ( menstruação, uso de anticoncepcionais, reposição hormonal), exposição a odores fortes(perfumes, gasolina, creolina...), exposição a estímulos luminosos intensos, exercícios físicos intensos ou prática esportiva, viagens aéreas longas, altitudes elevadas, movimentos de aceleração da cabeça e outros.A importância de alguns desses fatores pode ser superestimada pelo paciente, razão pela qual eles devem ser melhor avaliados.



Idade, sexo e freqüência


 A enxaqueca costuma ter início na infância, adolescência ou nos primórdios da idade adulta, embora possa ocorrer em períodos mais tardios da vida. O pico de prevalência é atingido entre os 30 e 45 anos. Na puberdade há ligeira predominância nos meninos, entretanto, após esse período, há nítida predominância no sexo feminino. A enxaqueca é altamente prevalente e estima-se que atinja 12% da população, sendo mais freqüente na mulher na razão de 3:1.


Quadro clínico


 A enxaqueca sem aura é a mais freqüente na prática clínica e representa aproximadamente 70% das formas apresentadas. Pode ser definida como cefaléia idiopática, recorrente, manifestando-se por crises com duração de 4 a 72 horas. Do ponto de vista clínico, a dor costuma apresentar, localização unilateral, pulsátil, intensidade variável (fraca, moderada, forte, muito forte), sendo exacerbada pelas atividades físicas de rotina e costumam fazer parte da crise náusea e/ou vômitos, fotofobia,fonofobia e osmofobia. Os critérios para a caracterização da crise enxaquecosa exigem a presença de pelo menos uma das manifestações associadas (náusea, vômito, fotofobia, fonofobia e osmofobia). O diagnóstico de enxaqueca exige que o paciente tenha no mínimo, cinco crises que preencham os critérios considerados.
A enxaqueca com aura é menos freqüente e representa aproximadamente de 20% a 30% das formas clínicas de enxaqueca. Essa forma é caracterizada pela presença de aura, exterioriza-se por manifestações neurológicas reversíveis que sinalizam comprometimento do córtex cerebral ou do tronco encefálico. A aura costuma durar de 5 a 20 minutos, mas pode chegar a uma hora. A crise enxaquecosa tem início com a aura (precedida ou não por uma fase prodrômica) e sucedida ou interpenetrada pela fase álgica, que se instala nos minutos subseqüentes, geralmente de 15 a 20 minutos após o início da aura. A aura pode ser visual (a mais freqüente), sensitiva, motora ou ser traduzida por distúrbios de linguagem. Com certa freqüência as auras são mistas.
Para confirmar o diagnóstico de enxaqueca com aura é preciso que o paciente apresente, pelo menos, duas crises que preencham esses critérios. Habitualmente, a fase álgica desse tipo de enxaqueca é mais curta: 4 a 6 horas, podendo, entretanto, ser prolongada e atingir 72 horas. Alguns enxaquecosos podem apresentar as duas formas clínicas.



Diagnóstico


 O diagnóstico da enxaqueca é clínico, não havendo marcadores biológicos para confirmá-lo. Mesmo outros exames complementares (registros gráficos, exames de imagem TC ou RNM, ou angiografia cerebral) não contribuem para firmar o diagnóstico, sendo, entretanto, úteis para o descarte de patologias estruturais que provocam cefaléia semelhante a enxaqueca.A avaliação de um paciente com cefaléia depende fundamentalmente de uma história cuidadosa e de exame clínico pormenorizado portanto é imprescindível a Anamnese , que é uma palavra derivada do grego e significa nova lembrança .Descrita assim por Alan Feinstein : “ A Anamnese , o procedimento mais sofisticado da medicina é uma técnica de investigação extraordinária , em pouquíssimas outras formas de pesquisa científica o objeto observado fala.”
O diagnóstico diferencial da enxaqueca deve ser feito com outras cefaléias primárias: cefaléia tipo tensional episódica, cefaléia em salvas, hemicrania contínua ,etc. Particularmente na enxaqueca com aura deve ser considerado o diagnóstico diferencial com manifestações epilépticas e com os ataques isquêmicos transitórios.



Tratamento


 O tratamento desse tipo de cefaléia deve ser personalizado: isso significa que devemos tratar o enxaquecoso e não a enxaqueca. O manejo terapêutico desse doente requer uma abordagem abrangente, levando em conta seu perfil psicológico, seus hábitos de vida, a presença de fatores desencadeantes, o tipo de crise e a sua freqüência, duração e intensidade. É importante considerar no tratamento as medidas gerais e as medidas farmacológicas. Deve-se explicar ao paciente, em termos acessíveis, o que é a enxaqueca e o que pode ser feita para tratá-la. Evitar fatores desencadeantes, desde que detectados, é muito importante no êxito do tratamento.
O tratamento farmacológico do enxaquecoso deve ser feito sempre por médico especializado no tratamento de cefaléias, entretanto, somente 60% dos pacientes procuram auxílio especializado e muitos apelam para a automedicação ou aceitam a recomendação do balconista da farmácia ou de um vizinho ou de um colega de trabalho, também sofredor do mesmo mal. Os riscos desse comportamento são óbvios: efeitos adversos das drogas, cefaléia crônica diária pelo uso regular de analgésicos e a não realização do tratamento profilático.
O tratamento farmacológico pode ser desdobrado em sintomático (tratamento da crise) e profilático.
Os recursos farmacológicos incluem medicamentos não-específicos (analgésicos comuns, analgésicos narcóticos, antiinflamatórios não-esteroidais), medicamentos específicos (derivados ergóticos) e medicamentos específicos e seletivos (triptanos). Com exceção dos triptanos, aos demais medicamentos devem se associar drogas adjuvantes ( metoclopramida, domperidona, cafeína), com o objetivo de combater a náusea e o vômito e de melhorar a absorção gástrica.
O tratamento crítico da enxaqueca requer algumas orientações que devem ser repassadas ao paciente. O uso de analgésico deve ser feito no início da crise, comumente associado a drogas gastrocinéticas e antieméticas. Se sintomas como náusea e/ou vômito são de instalação precoce nas crises, devemos evitar as drogas de apresentação oral e utilizar formas alternativas de apresentação ( supositório, spray nasal , ampolas, comprimidos sublinguais ou disco liofilizado).
Nas formas fracas e moderadas dá-se preferência a analgésicos comuns (ácidos acetilsalicílico, paracetamol, dipirona), aos antiinflamatórios não-esteroidais (naproxeno sódico, ibuprofeno,nisulide,cetoprofeno,etodolaco...). Os analgésicos narcóticos (codeína, derivados da morfina) devem ser evitados, mas poderão ser utilizados na gestante enxaquecosa e como medicação de resgate. Nas crises fortes ou muito fortes, ou quando o pico de dor é rapidamente alcançado, deve-se lançar mão de drogas mais potentes no combate à dor ( derivados ergóticos, triptanos). Deve-se sempre respeitar as contra-indicações dos medicamentos antienxaquecosos.
O tratamento profilático deve ser feito tendo em mira vários objetivos: aliviar o paciente do sofrimento e com isso melhorar a sua qualidade de vida; evitar a sua incapacidade temporária (física e intelectual) e evitar o uso prolongado e, às vezes, abusivo de analgésicos, que além de efeitos adversos (potencialmente perigosos) podem induzir um quadro de cefaléia crônica diária.
Os critérios fundamentais para a instituição do tratamento profilático são: freqüência, intensidade e duração das crises. A conduta preconizada para iniciar esse tipo de tratamento é a ocorrência de, pelo menos, uma a duas crises/mês, entretanto, crises de longa duração ( dois a três dias) e de grande intensidade podem justificar um tratamento de manutenção, mesmo com crises mais espaçadas.
As drogas profiláticas de primeira escolha são os bloqueadores de canal de cálcio, os betabloqueadores e os antidepressivos tricíclicos(amitriptilina,nortriptilina); também são eficazes o maleato de metisergida, o pizotifeno e o divalproato de sódio e o topiramato. Das cinco classes dos bloqueadores de canal de cálcio, o único comprovadamente eficaz é a flunarizina e dos bloqueadores beta- adrenérgicos, o mais eficaz é o propranolol e o atenolol. Os inibidores de MAO são também eficazes, mas, em virtude de seus efeitos colaterais e interações medicamentosas e/ou alimentares, são pouco usados. Outras drogas são de baixa eficácia ou de eficácia duvidosa (verapamil, fluoxetina, ciproeptadina, gabapentina, etc.). O toxina botulínica vem sendo utilizada no tratamento profilático da enxaqueca.
O tratamento profilático deve ser feito, na medida do possível, em regime de monoterapia e excepcionalmente com drogas associadas. A estratégia é tratar o paciente de modo intermitente, com períodos de “cura” de 6 a 12 meses ou mais.

Fonte:“Cefaléias Primárias: Aspectos Clínicos e Terapêuticos”.Fernando Ortiz;Edgard Raffaelli Jr e col. ( 2ª Edição). São Paulo: Editora Zeppelini, 2002.

DICAS SOBRE ENXAQUECA

1- Analgésicos resolvem o problema?
 
Esse é um dos erros mais comuns –e perigosos– em relação à enxaqueca. Freqüentemente, os pacientes se automedicam com esses remédios, tomando doses progressivamente mais altas. O problema é que o abuso de analgésicos contribui para cronificar as dores. Além disso, nem sempre eles dão conta de acabar com uma crise de enxaqueca. Existem medicamentos específicos para o problema que, apesar de também agravarem as crises quando em excesso, são mais eficazes.
Recomenda-se o uso de, no máximo, dois comprimidos por semana (oito por mês) de qualquer remédio para cortar a dor de cabeça. Mas,com três meses seguidos de uso já são suficientes para cronificar as dores.

2- Enxaqueca é sinônimo de dor de cabeça?

A Sociedade Internacional de Cefaléia reconhece mais de 200 modalidades de dor de cabeça (também conhecida como cefaléia). A enxaqueca, ou migrânea, é uma delas. Nesse caso, a dor costuma ser latejante e, em 60% das pessoas, localizar-se em só um dos lados do crânio. Muitas vezes, vem acompanhada por náuseas, vômitos e sensibilidade a luz, ruídos e cheiros fortes.
Em geral, a crise dura de quatro a 72 horas, quando não tratada. Há ainda crises de enxaqueca sem dor de cabeça, quando o paciente tem apenas a aura (veja no próximo item).

3- Quem tem enxaqueca enxerga pontos brilhantes e luzes?
 
Apenas um em cada cinco pacientes com enxaqueca apresenta a aura, fenômeno neurológico que faz com que a pessoa enxergue manchas e luzes, fique com os dedos ou os lábios dormentes ou com alterações na fala e nos movimentos, entre outros sintomas. Ela aparece minutos ou poucas horas antes das crises e costuma durar menos de uma hora.

Mesmo sem apresentar aura, algumas pessoas conseguem perceber que terão crise com uma antecedência de até 24 horas. Bocejos constantes, dificuldade de raciocínio e grande necessidade de comer doces são alguns sinais.

4- É preciso fazer exames para diagnosticar?
 
Solicitados freqüentemente a pacientes com suspeita de enxaqueca, exames como tomografia, raio-X e ressonância magnética não detectam o problema.

Eles apenas servem para afastar a possibilidade de outras doenças, como tumores. Na maior parte das vezes, não são necessários. O diagnóstico da enxaqueca é clínico, feito no consultório a partir do histórico do paciente e de testes neurológicos.
Apenas exames mais sofisticados, como o pet scan, permitem observar os lugares no cérebro que são ativados na hora da crise de dor, mas são usados somente em pesquisas científicas.

5- É uma doença inofensiva?
 
Apesar de ser considerada uma doença benigna, que raramente gera complicações sérias, a enxaqueca compromete muito a vida do paciente.

Além de ficarem menos produtivos e de faltarem ao trabalho e a eventos sociais na hora das crises, muitos sofredores de enxaqueca acabam perdendo oportunidades sociais e profissionais por receio de que a dor apareça.
As complicações graves da enxaqueca são raras, mas podem ocorrer. Mulheres que têm aura muito prolongada correm mais risco de ter o chamado infarto migranoso, principalmente se forem fumantes e usarem pílula anticoncepcional.

6- Quem tem enxaqueca não pode comer chocolate, queijo e vinho?

Só um quarto dos portadores de enxaqueca tem crises relacionadas a alimentos. Estresse e ansiedade são gatilhos bem mais comuns. No caso de haver relação com a dieta, os culpados variam entre os pacientes e podem causar crises apenas em alguns momentos. Frituras, chocolate, queijos amarelos, embutidos, vinho tinto e cerveja são algumas das comidas e bebidas que mais influenciam.
Assim como o abuso de analgésicos, a cafeína presente em alimentos como café e refrigerantes de cola pode cronificar a enxaqueca. Estudos recomendam o limite de 250 mg de cafeína por dia (o equivalente a três xícaras de café).
Jejum prolongado, sol forte, odores pronunciados e mudanças de temperatura e de umidade do ar também são gatilhos comuns. Nas mulheres, é muito freqüente que as dores venham associadas ao período menstrual (antes, durante ou logo depois). Também há crises que não são desencadeadas por nenhum gatilho.

7- Comer muita fruta faz bem?
 
Nem sempre. Certas frutas, como as cítricas (laranja, limão, abacaxi) e a banana (principalmente a banana d’água), têm substâncias que desencadeiam crises de enxaqueca em algumas pessoas.


8- Problemas de vista causam enxaqueca?
 
Quase todo mundo que começa a ter dores de cabeça desconfia de que precisa usar óculos ou trocar a lente porque o grau aumentou.  Segundo os especialistas: miopia, hipermetropia e presbiopia não são causas de dor de cabeça. Só astigmatismos muito graves em crianças causam cefaléia, e mesmo assim não é enxaqueca.


9- Sinusite causa enxaqueca?
 
Essa confusão é muito freqüente. Na verdade, as sinusites crônicas não causam dor de cabeça. As agudas sim, mas não têm característica de enxaqueca. Como a própria enxaqueca pode causar congestão nasal,e aí a confusão aumenta. Um estudo americano mostrou que 90% das pessoas que se autodiagnosticavam como tendo dores de cabeça decorrentes de sinusite na verdade tinham enxaqueca.


10- Problemas na ATM causa enxaqueca?

As disfunções na ATM (articulação temporomandibular) podem ser causa de dor, geralmente localizada na região da própria articulação e relacionada ao uso (comer algo duro, falar muito, bocejar). Eventualmente, causa dor de cabeça, mas sem característica de enxaqueca.

11- É uma doença de adulto?
 
Entre 4% e 8% das crianças têm enxaqueca. A doença é uma grande causa de faltas à escola, e as queixas são confundidas por muitos pais como desculpa para não ir à aula. As dores podem começar por volta dos cinco anos de idade e, em aproximadamente 40% dos casos, acabam espontaneamente na puberdade.

As crises de dor nessa etapa da vida duram menos (de 30 minutos a duas horas) e podem ser aliviadas com tratamento específico. Apesar de, na fase adulta, a enxaqueca afetar três vezes mais as mulheres, na infância ela é ligeiramente mais freqüente nos meninos.

12- Tem a ver com o fígado e com o estômago?
 
Como muita gente tem náusea e vômitos nas crises de enxaqueca, é comum que associem o problema ao estômago e ao fígado. Na verdade, esses incômodos ocorrem como parte do próprio processo químico da dor, que faz com que o estômago se dilate e fique paralisado, causando sensação de indigestão e enjôo.

Mesmo o fato de certos alimentos desencadearem episódios de enxaqueca em
algumas pessoas não tem a ver com a digestão. Na verdade, eles possuem certas substâncias (como tiramina e nitritos) que agem diretamente no cérebro de quem sofre de enxaqueca.


13- Atividades físicas ajudam?
 
Nem sempre, há pacientes que apresentam um tipo de enxaqueca cujas dores são desencadeadas com a prática de atividades físicas. Alem disso, na hora da crise, os exercícios físicos costumam piorar brutalmente a dor.


14- Passa com a menopausa?

Para muitas pacientes, a chegada da menopausa traz alívio. Mas, segundo segundo dados estatísticos, apenas 30% das mulheres apresentam melhora significativa nessa fase. Isso ocorre principalmente com aquelas que têm enxaqueca perto do período menstrual.

15- Há alimentos que ajudam a melhorar a enxaqueca?

Muito se fala em dietas que ajudam a melhorar a enxaqueca, mas, segundo os especialistas consultados, elas não têm fundamento científico. O magnésio (encontrado em alimentos verdes frescos e frutos do mar) e um aminoácido chamado triptofano (presente em verduras frescas e no feijão) até podem ajudar, mas, nas quantidades presentes na comida, têm importância limitada. Quando as dores são desencadeadas por certos alimentos, evitá-los ajuda a diminuir as crises.

16- Não tem tratamento?

Ainda não há cura, mas hoje existem tratamentos que diminuem muito ou até acabam com as crises. Além dos medicamentos que são tomados na hora da dor, quem tem mais de três crises por mês ou sente dor muito forte, ainda que de vez em quando, pode ter de passar por tratamento preventivo com remédios.
Na crise de enxaqueca, por exemplo, a irrigação sangüínea periférica diminui, deixando os dedos das mãos e dos pés mais frios. Os pacientes aprendem a identificar esse sinal e a controlá-lo, fazendo com que o sangue, indiretamente, flua melhor no cérebro, o que traz alívio.
A toxina botulínica também está sendo testada como uma opção para quem não reage a outros tratamentos, mas o custo-benefício ainda é discutido.

17- Tem que tomar remédio por toda a vida?
 
Apesar de a enxaqueca ser uma doença crônica, como a hipertensão arterial e o diabetes, a medicação preventiva costuma ser retirada após oito a 12 meses de uso se o paciente estiver bem. Se as crises voltarem, pode ser necessário tomar os remédios por mais um período.


18- Acupuntura resolve o problema?

Os estudos são controversos. Enquanto alguns mostram bons resultados, outros não provam a eficácia para essa doença. Oficialmente, o poder terapêutico da acupuntura para enxaqueca não está confirmado no meio científico, mas o que médicos e pacientes relatam é que, na prática, muitas pessoas se beneficiam do método.
Além de acabar com a dor –muitas vezes de forma imediata– na hora das crises, a técnica é muito usada para preveni-las, seja isoladamente ou em conjunto com medicamentos. Antes de se submeter às agulhas, é importante ter um diagnóstico preciso do problema, afastando outras causas mais graves.

19- Dormir muito ajuda a melhorar?

Em muitas pessoas, a privação de sono desencadeia dores de cabeça. Mas dormir mais do que se está acostumado também é um gatilho para as crises. Um caso relativamente comum é a chamada “enxaqueca de fim de semana”, na qual o paciente só sente dores no sábado e no domingo –quase sempre porque dorme muito mais tempo do que o habitual. O segredo, portanto, é ter um ritmo de sono regulado.

20- Tomar remédio logo antes de comer um alimento que provoca crise resolve?

Pode até aliviar a dor no momento. Mas é um procedimento de risco que não deve ser feito rotineiramente, já que induz ao abuso de medicamentos, contribuindo para a cronificação da dor.


Fonte:“Cefaléias Primárias: Aspectos Clínicos e Terapêuticos”.Fernando Ortiz;Edgard Raffaelli Jr e col. ( 2ª Edição). São Paulo: Editora Zeppelini, 2002.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

FISIOPATOLOGIA DA ENXAQUECA

A enxaqueca é uma forma de cefaléia crônica primária que pode ser definida como uma reação neurovascular anormal que ocorre num organismo geneticamente vulnerável e que se exterioriza, clinicamente, por episódios recorrentes de cefaléia e manifestações associadas que geralmente dependem de fatores desencadeantes. Ainda que não conheçamos perfeitamente todos os seus detalhes fisiopatológicos,podemos afirmar que já adquirimos razoável conhecimento a esse respeito. A seguir, detalharemos alguns dos estudos.

Teoria vascular

Graham e Wolff, em 1938, divulgaram a idéia de que a aura, a qual geralmente precede a crise de enxaqueca, seria causada por um fenômeno de vasoconstrição e que uma vasodilatação subseqüente causaria dor.

Depressão alastrante

Olesen e cols., observaram que a aura da enxaqueca é associada a uma redução do fluxo sangüíneo cerebral que se propaga a uma velocidade de 2 mm/min a 3 mm/min, iniciando-se, geralmente, no pólo posterior do cérebro, por vezes envolvendo todo o hemisfério cerebral, não respeitando os territórios vasculares. Essa última constatação tornava pouco provável a teoria da vasoconstrição. Esse fenômeno foi batizado de spreading hypoperfusion e tem características semelhantes à “depressão alastrante” descrita pelo brasileiro Leão, em 1944, o qual detectou ocorrência de depressão da atividade elétrica que propagava pelo córtex em todas as direções ao estimular eletrofisiologicamente o córtex de coelhos. A velocidade de propagação desses eventos se assemelhava àquela descrita por Lashley, em 1941, ao descrever sua própria aura visual. Além dessas evidências, Moskowitz e cols., em 1993, demonstraram que a passagem da depressão alastrante provocava a expressão de c-fos, um marcador não-específico da ativação neuronal no núcleo do trigêmeo. Esses experimentos sugerem a participação da depressão alastrante na fenomenologia da crise da enxaqueca.

Sistema trigeminovascular e inflamação neurogênica

Tem-se que, durante as crises de enxaqueca, ocorre uma dilatação dos vasos sangüíneos intra e extracranianos. A fonte da dor deve ser o próprio vaso, porém os mecanismos pelos quais ela é produzida não estão bem claros; presumivelmente, uma estimulação antidrômica em fibras trigeminais que inervam os vasos intracranianos extracerebrais desencadearia nestes uma inflamatória estéril (inflamação neurogênica), ocorrendo liberação de substâncias vasoativas- substância P(SP), peptídeo vasoativo intestinal (VIP), neuropeptídeo Y (NY) e peptídeo relacionado com o gene da calcitonina (CGRP) que acarretaria aumento da permeabilidade vascular e extravasamento plasmático para a adventícia do vaso.

Serotonina

Sicuteri,1961, descreveu que durante a crise migranosa ocorre diminuição de serotonina plasmática e seu catabólito, o ácido 5-hidróxi-indolacético, 5- HIAA, encontra-se aumentado na urina. Também nessa época já se conhecia que:
a)serotonina I.V. era capaz de abortar a crise migranosa;
b) essa substância apresentava ação constritiva em leito carotídeo, agindo sobre receptor atípico (não bloqueado por ciproeptadina ou mianserina);
c) os antimigranosos metisergida e ergotamina também possuem ação específica constritiva em território carotídeo.
Com esses fatos em mente, Humphey e cols. conseguiram descobrir um receptor serotoninérgico semelhante em veia safena canina. Posteriormente desenvolveram um agonista específico para esse receptor, o sumatriptano (1988), droga que se mostrou muito eficaz representando significativo avanço no tratamento da crise de enxaqueca.

Óxido Nítrico

Alguns autores afirmam que o óxido nítrico (NO) é o melhor candidato a ser o responsável pelos fenômenos dolorosos presentes em um ataque de enxaqueca , já que se trata de uma pequena molécula que atravessa as membranas facilmente, não necessita de um receptor específico e que sabidamente é capaz de produzir vasodilatação e de estimular os aferentes perivasculares, produzindo fenômenos nociceptivos.
Olesen e cols., em 1995, postulam que há evidências sólidas para a participação do óxido nítrico na fisiopatologia da enxaqueca.

Modulação Central

Goadsby e cols., na década de 80, em experimentos com animais, apresentaram várias evidências de que a estimulação do locus ceruleus, no tronco encefálico, reduzia o fluxo sangüíneo cerebral, principalmente no córtex occiptal. Weiller e cols., em 1995 , utilizaram a tomografia por emissão pósitrons para avaliar o fluxo sangüíneo cerebral regional durante a crise de enxaqueca sem aura em nove pacientes. Registraram a ativação da substância cinzenta periaquedutal na região do núcleo dorsal da rafe e na região da ponte, próximo ao locus ceruleus, durante a crise de enxaqueca.O sumatriptano agiu na dor e nos sintomas associados, revertendo o aumento do fluxo sangüíneo cortical, porém não alterando o do tronco encefálico. Talvez a manutenção dessa ativação esteja implicada na recorrência da cefaléia, que por vezes ocorre quando do uso de triptanos.

Bases genéticas da enxaqueca

Desde os primórdios do estudo da enxaqueca foi percebido seu componente hereditário. Living, em 1873, observou a frequente ocorrência de enxaqueca em parentes de migranosos, além da sua maior prevalência no sexo feminino. Atualmente algumas descobertas determinadas pelo avanço científico no campo da genética têm aumentado nosso conhecimento nesse aspecto:
  • Em 1994 foi encontrado o primeiro locus da enxaqueca, a migrânea hemiplégica familiar, no cromossomo 19. Dois anos depois, quatro mutações diferentes na subunidade A1 de um canal de cálcio, específico do cérebro, mapeado no gene CACNL 1 A4 do cromossomo 19p 13, forma identificada em quatro famílias com migrânea hemiplégica familiar. Das famílias portadoras dessa condição estudada, 55% tiveram o locus identificado no cromossomo 19, 15% no cromossomo 1 e 30% não foram determinados. Mutações nesse mesmo gene são a causa da ataxia episódica tipo 2 e da ataxia espinocerebelar tipo 6. A associação da enxaqueca com o canal de cálcio levanta a hipótese de esta ser uma doença dos canais iônicos;
  • A síndrome MELAS (mitochondrial encephalomyopathy, lactie acidosis and stroke-like episodes) é causada por um ponto de mutação no gene mitocondrial que está relacionado ao RNA t no nucleotídeo 3243. Nessa condição, todas as crianças de mãe afetada têm a doença e os episódios de cefaléia do tipo enxaqueca são frequentes, principalmente no início de seu curso mórbido;
  • Uma doença cerebrovascular familiar rara denominada CADASIL (cerebral autosomal dominant arteriophaty with subcortical infarcts and leucoencephalopaty )foi descrita e teve o gene localizado no cromossomo 19p12. Pacientes com essa doença têm maior chance de ter enxaqueca com aura que a população em geral.

Breve resumo da fisiopatologia da enxaqueca

Fenômenos corticais determinam a ativação trigeminal, com liberação de substâncias vasoativas das terminações perivasculares e extensão da resposta inflamatória pelas fibras do próprio trigêmeo. Condução trigeminal dos estímulos nociceptivos para centro cerebrais superiores, onde ocorre o reconhecimento da dor.Conhecida como cefaléia ou popularmente dor de cabeça.

Fonte:“Cefaléias Primárias: Aspectos Clínicos e Terapêuticos”.Fernando Ortiz;Edgard Raffaelli Jr e col. ( 2ª Edição). São Paulo: Editora Zeppelini, 2002.