terça-feira, 14 de maio de 2013

Descoberto primeiro gene vinculado à enxaqueca

Pesquisadores descobriram o primeiro gene cuja mutação está fortemente associado à forma mais comum de enxaqueca, o que poderia abrir o caminho para uma compreensão melhor desta doença de causas desconhecidas, segundo estudo publicado em 01/05/2013 nos Estados Unidos.
"Trata-se do primeiro gene descoberto no qual uma mutação está relacionada com a forma mais comum de enxaqueca", explicou Louis Ptacek, professor de Neurologia da Universidade da Califórnia em São Francisco,um dos principais autores desta pesquisa.
"Isto lança uma primeira luz sobre uma doença que ainda não entendemos claramente", disse, acrescentando que "só um número muito pequeno de pacientes com enxaqueca tem este gene mutante".
Mas o gene chamado CKIdelta "certamente não é o único envolvido na enxaqueca", destacou, dizendo-se "certo" de que "vários outros genes desempenham um papel importante".
Este é o primeiro passo para compreender a enxaqueca, que afeta de 10% a 20% da população e causa "enormes perdas de produtividade", complementou Ptacek.
Os sintomas típicos da doença são forte dor de cabeça e hipersensibilidade ao som, ao olfato e à luz.
Para este trabalho, cujos resultados são publicados na revista americana Science Translational Medicine, os cientistas fizeram um estudo genético com duas famílias em que a enxaqueca é comum.
Eles descobriram que a maioria dos membros portadors de enxaqueca possuíam o gene mutante ou são filhos de pais que tinham este gene.
No laboratório, os autores do estudo descobriram que a mutação do gene CKIdelta afetava a produção de uma proteína chamada quinase CK2, que desempenha um importante papel em muitas funções vitais no cérebro e no resto do corpo.
"Isto nos diz que esta mutação genética tem consequências bioquímicas reais", concluíu Ptacek.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Adesivo aprovado nos EUA é eficaz contra enxaqueca

Para os sofredores de Enxaqueca há uma nova esperança:Um adesivo que libera o sumatriptano (susbtância já usada no tratamento da patologia) diretamente na corrente sanguínea foi aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration), a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos.
A administração de medicamentos via adesivo não é uma novidade, mas esse dispositivo utiliza uma nova tecnologia, um mecanismo da iontoforese para liberar o medicamento. Esse adesivo tem dois polos, um positivo e outro negativo, sendo um com o sumatriptano e outro com duas pequenas baterias. Elas geram uma pequena corrente elétrica, imperceptível e indolor, liberando, assim, a substância.
O Zecuity, nome comercial do dispositivo com sumatriptano, pode ser administrado pelo paciente e, quanto antes for utilizado, melhor. Quanto mais cedo o paciente ligar esse dispositivo durante a crise, mais rápido a enxaqueca passa. Não basta só colar o adesivo, é preciso pressionar o botão e observar, pois enquanto a luz estiver piscando, significa que a substância ainda está sendo liberada.
Mas,há uma desvantagem do adesivo,que é o seu custo alto, US$ 90 (cerca de R$ 180) cada um,isto é devido à tecnologia usada no dispositivo. O sumatriptano via oral custa R$ 15  e a injeção subcutânea dessa mesma substância custa de R$ 40 a R$ 50.Sendo que a injeção ainda é a forma mais rápida de receber a medicação. Ela demora 10 minutos para agir no corpo, mas há o desconforto causado pela agulha.
O lançamento desse produto em outros países (ele ainda não está disponível no Brasil) tenderá a baratear o seu custo. E a absorção do adesivo é bem mais rápida que a medicação por via oral.
O adesivo é prescrito para paciente com dores episódicas de cabeça. Se um paciente tiver duas crises de enxaqueca por mês, ele deve usar o adesivo, mas se a situação for crônica é necessário o uso de medicação preventiva e até tratamentos mais sofisticados, como a injeção de toxina botulínica em pelo menos 31 pontos específicos da região crânio-cervical.
A contraindicação do adesivo é para pacientes grávidas e pacientes com doenças coronárias e cardíacas. Pois,a substância diminui o calibre dos vasos e isso aumenta o risco de infarto.

terça-feira, 7 de maio de 2013

CONHEÇA A ENXAQUECA

A dor de cabeça é uma das queixas mais freqüentes na prática médica do dia-a-dia e constitui um importante problema de saúde pública no mundo inteiro. Estima-se que mais da metade da população apresenta algum tipo de cefaléia em alguma fase da vida. Esse tipo de queixa constitui uma das causas mais freqüentes de absenteísmo, e seu impacto socioeconômico é muito grande.
Nas últimas décadas houve avanços significativos no estudo das cefaléias, principalm
ente no que tange aos mecanismos fisiopatológicos, fatores etiológicos e à abordagem terapêutica.Há mais de 200 tipos diferentes de cefaléia conhecidos e o capítulo do diagnóstico diferencial dessa queixa é um dos mais ricos da medicina.
As cefaléias podem ser desdobradas em primárias e secundárias, sendo a enxaqueca ( ou migrânea) uma das cefaléias primárias mais freqüentes.


Definição

 
A enxaqueca é uma forma de cefaléia crônica primária que pode ser definida como uma reação neurovascular anormal que ocorre num organismo geneticamente vulnerável e que se exterioriza, clinicamente, por episódios recorrentes de cefaléia e manifestações associadas que geralmente dependem de fatores desencadeantes. Essa definição, embora incompleta, tem o mérito de incorporar dois fatores fundamentais da enxaqueca: o endógeno(genético) e o exógeno(ambiental). Quando ocorre a conjugação desses fatores pode exteriorizar-se a crise enxaquecosa. Embora a enxaqueca seja um quadro crítico, em certos pacientes ela pode ser mais abrangente configurando o chamado episódio enxaquecoso que evolui em cinco fases: sintomas premonitórios, aura, fase álgica(cefaléia e manifestações associadas), resolução da fase álgica e quadro pós-crítico ou de recuperação.
O caráter genético da enxaqueca é inquestionável embora em muitos casos seja ainda impreciso. O histórico familiar da enxaqueca muitas vezes constitui um pré-requisito para o diagnóstico. A freqüência do quadro enxaquecoso em algumas famílias sugere uma transmissão do tipo dominante. A freqüência da enxaqueca em gêmeos idênticos é maior do que em gêmeos fraternos. Algumas formas de enxaqueca não têm um padrão genético estabelecido e podem obedecer a mecanismos multifatoriais.
Os fatores exógenos ou ambientais podem atuar como desencadeantes da crise. Eles são diversificados e entre os principais podem ser mencionados: distúrbios emocionais (ansiedade, depressão , irritabilidade...), modificações do ciclo vigília-sono ( excesso ou privação de sono), ingestão de determinados alimentos (chocolate, queijos maturados, produtos defumados, uso de glutamato monossódico, como tempero, presença de conservantes químicos em certos alimentos), ingestão de bebidas alcoólicas ( principalmente vinho tinto), jejum prolongado, modificações hormonais ( menstruação, uso de anticoncepcionais, reposição hormonal), exposição a odores fortes(perfumes, gasolina, creolina...), exposição a estímulos luminosos intensos, exercícios físicos intensos ou prática esportiva, viagens aéreas longas, altitudes elevadas, movimentos de aceleração da cabeça e outros.A importância de alguns desses fatores pode ser superestimada pelo paciente, razão pela qual eles devem ser melhor avaliados.



Idade, sexo e freqüência


 A enxaqueca costuma ter início na infância, adolescência ou nos primórdios da idade adulta, embora possa ocorrer em períodos mais tardios da vida. O pico de prevalência é atingido entre os 30 e 45 anos. Na puberdade há ligeira predominância nos meninos, entretanto, após esse período, há nítida predominância no sexo feminino. A enxaqueca é altamente prevalente e estima-se que atinja 12% da população, sendo mais freqüente na mulher na razão de 3:1.


Quadro clínico


 A enxaqueca sem aura é a mais freqüente na prática clínica e representa aproximadamente 70% das formas apresentadas. Pode ser definida como cefaléia idiopática, recorrente, manifestando-se por crises com duração de 4 a 72 horas. Do ponto de vista clínico, a dor costuma apresentar, localização unilateral, pulsátil, intensidade variável (fraca, moderada, forte, muito forte), sendo exacerbada pelas atividades físicas de rotina e costumam fazer parte da crise náusea e/ou vômitos, fotofobia,fonofobia e osmofobia. Os critérios para a caracterização da crise enxaquecosa exigem a presença de pelo menos uma das manifestações associadas (náusea, vômito, fotofobia, fonofobia e osmofobia). O diagnóstico de enxaqueca exige que o paciente tenha no mínimo, cinco crises que preencham os critérios considerados.
A enxaqueca com aura é menos freqüente e representa aproximadamente de 20% a 30% das formas clínicas de enxaqueca. Essa forma é caracterizada pela presença de aura, exterioriza-se por manifestações neurológicas reversíveis que sinalizam comprometimento do córtex cerebral ou do tronco encefálico. A aura costuma durar de 5 a 20 minutos, mas pode chegar a uma hora. A crise enxaquecosa tem início com a aura (precedida ou não por uma fase prodrômica) e sucedida ou interpenetrada pela fase álgica, que se instala nos minutos subseqüentes, geralmente de 15 a 20 minutos após o início da aura. A aura pode ser visual (a mais freqüente), sensitiva, motora ou ser traduzida por distúrbios de linguagem. Com certa freqüência as auras são mistas.
Para confirmar o diagnóstico de enxaqueca com aura é preciso que o paciente apresente, pelo menos, duas crises que preencham esses critérios. Habitualmente, a fase álgica desse tipo de enxaqueca é mais curta: 4 a 6 horas, podendo, entretanto, ser prolongada e atingir 72 horas. Alguns enxaquecosos podem apresentar as duas formas clínicas.



Diagnóstico


 O diagnóstico da enxaqueca é clínico, não havendo marcadores biológicos para confirmá-lo. Mesmo outros exames complementares (registros gráficos, exames de imagem TC ou RNM, ou angiografia cerebral) não contribuem para firmar o diagnóstico, sendo, entretanto, úteis para o descarte de patologias estruturais que provocam cefaléia semelhante a enxaqueca.A avaliação de um paciente com cefaléia depende fundamentalmente de uma história cuidadosa e de exame clínico pormenorizado portanto é imprescindível a Anamnese , que é uma palavra derivada do grego e significa nova lembrança .Descrita assim por Alan Feinstein : “ A Anamnese , o procedimento mais sofisticado da medicina é uma técnica de investigação extraordinária , em pouquíssimas outras formas de pesquisa científica o objeto observado fala.”
O diagnóstico diferencial da enxaqueca deve ser feito com outras cefaléias primárias: cefaléia tipo tensional episódica, cefaléia em salvas, hemicrania contínua ,etc. Particularmente na enxaqueca com aura deve ser considerado o diagnóstico diferencial com manifestações epilépticas e com os ataques isquêmicos transitórios.



Tratamento


 O tratamento desse tipo de cefaléia deve ser personalizado: isso significa que devemos tratar o enxaquecoso e não a enxaqueca. O manejo terapêutico desse doente requer uma abordagem abrangente, levando em conta seu perfil psicológico, seus hábitos de vida, a presença de fatores desencadeantes, o tipo de crise e a sua freqüência, duração e intensidade. É importante considerar no tratamento as medidas gerais e as medidas farmacológicas. Deve-se explicar ao paciente, em termos acessíveis, o que é a enxaqueca e o que pode ser feita para tratá-la. Evitar fatores desencadeantes, desde que detectados, é muito importante no êxito do tratamento.
O tratamento farmacológico do enxaquecoso deve ser feito sempre por médico especializado no tratamento de cefaléias, entretanto, somente 60% dos pacientes procuram auxílio especializado e muitos apelam para a automedicação ou aceitam a recomendação do balconista da farmácia ou de um vizinho ou de um colega de trabalho, também sofredor do mesmo mal. Os riscos desse comportamento são óbvios: efeitos adversos das drogas, cefaléia crônica diária pelo uso regular de analgésicos e a não realização do tratamento profilático.
O tratamento farmacológico pode ser desdobrado em sintomático (tratamento da crise) e profilático.
Os recursos farmacológicos incluem medicamentos não-específicos (analgésicos comuns, analgésicos narcóticos, antiinflamatórios não-esteroidais), medicamentos específicos (derivados ergóticos) e medicamentos específicos e seletivos (triptanos). Com exceção dos triptanos, aos demais medicamentos devem se associar drogas adjuvantes ( metoclopramida, domperidona, cafeína), com o objetivo de combater a náusea e o vômito e de melhorar a absorção gástrica.
O tratamento crítico da enxaqueca requer algumas orientações que devem ser repassadas ao paciente. O uso de analgésico deve ser feito no início da crise, comumente associado a drogas gastrocinéticas e antieméticas. Se sintomas como náusea e/ou vômito são de instalação precoce nas crises, devemos evitar as drogas de apresentação oral e utilizar formas alternativas de apresentação ( supositório, spray nasal , ampolas, comprimidos sublinguais ou disco liofilizado).
Nas formas fracas e moderadas dá-se preferência a analgésicos comuns (ácidos acetilsalicílico, paracetamol, dipirona), aos antiinflamatórios não-esteroidais (naproxeno sódico, ibuprofeno,nisulide,cetoprofeno,etodolaco...). Os analgésicos narcóticos (codeína, derivados da morfina) devem ser evitados, mas poderão ser utilizados na gestante enxaquecosa e como medicação de resgate. Nas crises fortes ou muito fortes, ou quando o pico de dor é rapidamente alcançado, deve-se lançar mão de drogas mais potentes no combate à dor ( derivados ergóticos, triptanos). Deve-se sempre respeitar as contra-indicações dos medicamentos antienxaquecosos.
O tratamento profilático deve ser feito tendo em mira vários objetivos: aliviar o paciente do sofrimento e com isso melhorar a sua qualidade de vida; evitar a sua incapacidade temporária (física e intelectual) e evitar o uso prolongado e, às vezes, abusivo de analgésicos, que além de efeitos adversos (potencialmente perigosos) podem induzir um quadro de cefaléia crônica diária.
Os critérios fundamentais para a instituição do tratamento profilático são: freqüência, intensidade e duração das crises. A conduta preconizada para iniciar esse tipo de tratamento é a ocorrência de, pelo menos, uma a duas crises/mês, entretanto, crises de longa duração ( dois a três dias) e de grande intensidade podem justificar um tratamento de manutenção, mesmo com crises mais espaçadas.
As drogas profiláticas de primeira escolha são os bloqueadores de canal de cálcio, os betabloqueadores e os antidepressivos tricíclicos(amitriptilina,nortriptilina); também são eficazes o maleato de metisergida, o pizotifeno e o divalproato de sódio e o topiramato. Das cinco classes dos bloqueadores de canal de cálcio, o único comprovadamente eficaz é a flunarizina e dos bloqueadores beta- adrenérgicos, o mais eficaz é o propranolol e o atenolol. Os inibidores de MAO são também eficazes, mas, em virtude de seus efeitos colaterais e interações medicamentosas e/ou alimentares, são pouco usados. Outras drogas são de baixa eficácia ou de eficácia duvidosa (verapamil, fluoxetina, ciproeptadina, gabapentina, etc.). O toxina botulínica vem sendo utilizada no tratamento profilático da enxaqueca.
O tratamento profilático deve ser feito, na medida do possível, em regime de monoterapia e excepcionalmente com drogas associadas. A estratégia é tratar o paciente de modo intermitente, com períodos de “cura” de 6 a 12 meses ou mais.

Fonte:“Cefaléias Primárias: Aspectos Clínicos e Terapêuticos”.Fernando Ortiz;Edgard Raffaelli Jr e col. ( 2ª Edição). São Paulo: Editora Zeppelini, 2002.

DICAS SOBRE ENXAQUECA

1- Analgésicos resolvem o problema?
 
Esse é um dos erros mais comuns –e perigosos– em relação à enxaqueca. Freqüentemente, os pacientes se automedicam com esses remédios, tomando doses progressivamente mais altas. O problema é que o abuso de analgésicos contribui para cronificar as dores. Além disso, nem sempre eles dão conta de acabar com uma crise de enxaqueca. Existem medicamentos específicos para o problema que, apesar de também agravarem as crises quando em excesso, são mais eficazes.
Recomenda-se o uso de, no máximo, dois comprimidos por semana (oito por mês) de qualquer remédio para cortar a dor de cabeça. Mas,com três meses seguidos de uso já são suficientes para cronificar as dores.

2- Enxaqueca é sinônimo de dor de cabeça?

A Sociedade Internacional de Cefaléia reconhece mais de 200 modalidades de dor de cabeça (também conhecida como cefaléia). A enxaqueca, ou migrânea, é uma delas. Nesse caso, a dor costuma ser latejante e, em 60% das pessoas, localizar-se em só um dos lados do crânio. Muitas vezes, vem acompanhada por náuseas, vômitos e sensibilidade a luz, ruídos e cheiros fortes.
Em geral, a crise dura de quatro a 72 horas, quando não tratada. Há ainda crises de enxaqueca sem dor de cabeça, quando o paciente tem apenas a aura (veja no próximo item).

3- Quem tem enxaqueca enxerga pontos brilhantes e luzes?
 
Apenas um em cada cinco pacientes com enxaqueca apresenta a aura, fenômeno neurológico que faz com que a pessoa enxergue manchas e luzes, fique com os dedos ou os lábios dormentes ou com alterações na fala e nos movimentos, entre outros sintomas. Ela aparece minutos ou poucas horas antes das crises e costuma durar menos de uma hora.

Mesmo sem apresentar aura, algumas pessoas conseguem perceber que terão crise com uma antecedência de até 24 horas. Bocejos constantes, dificuldade de raciocínio e grande necessidade de comer doces são alguns sinais.

4- É preciso fazer exames para diagnosticar?
 
Solicitados freqüentemente a pacientes com suspeita de enxaqueca, exames como tomografia, raio-X e ressonância magnética não detectam o problema.

Eles apenas servem para afastar a possibilidade de outras doenças, como tumores. Na maior parte das vezes, não são necessários. O diagnóstico da enxaqueca é clínico, feito no consultório a partir do histórico do paciente e de testes neurológicos.
Apenas exames mais sofisticados, como o pet scan, permitem observar os lugares no cérebro que são ativados na hora da crise de dor, mas são usados somente em pesquisas científicas.

5- É uma doença inofensiva?
 
Apesar de ser considerada uma doença benigna, que raramente gera complicações sérias, a enxaqueca compromete muito a vida do paciente.

Além de ficarem menos produtivos e de faltarem ao trabalho e a eventos sociais na hora das crises, muitos sofredores de enxaqueca acabam perdendo oportunidades sociais e profissionais por receio de que a dor apareça.
As complicações graves da enxaqueca são raras, mas podem ocorrer. Mulheres que têm aura muito prolongada correm mais risco de ter o chamado infarto migranoso, principalmente se forem fumantes e usarem pílula anticoncepcional.

6- Quem tem enxaqueca não pode comer chocolate, queijo e vinho?

Só um quarto dos portadores de enxaqueca tem crises relacionadas a alimentos. Estresse e ansiedade são gatilhos bem mais comuns. No caso de haver relação com a dieta, os culpados variam entre os pacientes e podem causar crises apenas em alguns momentos. Frituras, chocolate, queijos amarelos, embutidos, vinho tinto e cerveja são algumas das comidas e bebidas que mais influenciam.
Assim como o abuso de analgésicos, a cafeína presente em alimentos como café e refrigerantes de cola pode cronificar a enxaqueca. Estudos recomendam o limite de 250 mg de cafeína por dia (o equivalente a três xícaras de café).
Jejum prolongado, sol forte, odores pronunciados e mudanças de temperatura e de umidade do ar também são gatilhos comuns. Nas mulheres, é muito freqüente que as dores venham associadas ao período menstrual (antes, durante ou logo depois). Também há crises que não são desencadeadas por nenhum gatilho.

7- Comer muita fruta faz bem?
 
Nem sempre. Certas frutas, como as cítricas (laranja, limão, abacaxi) e a banana (principalmente a banana d’água), têm substâncias que desencadeiam crises de enxaqueca em algumas pessoas.


8- Problemas de vista causam enxaqueca?
 
Quase todo mundo que começa a ter dores de cabeça desconfia de que precisa usar óculos ou trocar a lente porque o grau aumentou.  Segundo os especialistas: miopia, hipermetropia e presbiopia não são causas de dor de cabeça. Só astigmatismos muito graves em crianças causam cefaléia, e mesmo assim não é enxaqueca.


9- Sinusite causa enxaqueca?
 
Essa confusão é muito freqüente. Na verdade, as sinusites crônicas não causam dor de cabeça. As agudas sim, mas não têm característica de enxaqueca. Como a própria enxaqueca pode causar congestão nasal,e aí a confusão aumenta. Um estudo americano mostrou que 90% das pessoas que se autodiagnosticavam como tendo dores de cabeça decorrentes de sinusite na verdade tinham enxaqueca.


10- Problemas na ATM causa enxaqueca?

As disfunções na ATM (articulação temporomandibular) podem ser causa de dor, geralmente localizada na região da própria articulação e relacionada ao uso (comer algo duro, falar muito, bocejar). Eventualmente, causa dor de cabeça, mas sem característica de enxaqueca.

11- É uma doença de adulto?
 
Entre 4% e 8% das crianças têm enxaqueca. A doença é uma grande causa de faltas à escola, e as queixas são confundidas por muitos pais como desculpa para não ir à aula. As dores podem começar por volta dos cinco anos de idade e, em aproximadamente 40% dos casos, acabam espontaneamente na puberdade.

As crises de dor nessa etapa da vida duram menos (de 30 minutos a duas horas) e podem ser aliviadas com tratamento específico. Apesar de, na fase adulta, a enxaqueca afetar três vezes mais as mulheres, na infância ela é ligeiramente mais freqüente nos meninos.

12- Tem a ver com o fígado e com o estômago?
 
Como muita gente tem náusea e vômitos nas crises de enxaqueca, é comum que associem o problema ao estômago e ao fígado. Na verdade, esses incômodos ocorrem como parte do próprio processo químico da dor, que faz com que o estômago se dilate e fique paralisado, causando sensação de indigestão e enjôo.

Mesmo o fato de certos alimentos desencadearem episódios de enxaqueca em
algumas pessoas não tem a ver com a digestão. Na verdade, eles possuem certas substâncias (como tiramina e nitritos) que agem diretamente no cérebro de quem sofre de enxaqueca.


13- Atividades físicas ajudam?
 
Nem sempre, há pacientes que apresentam um tipo de enxaqueca cujas dores são desencadeadas com a prática de atividades físicas. Alem disso, na hora da crise, os exercícios físicos costumam piorar brutalmente a dor.


14- Passa com a menopausa?

Para muitas pacientes, a chegada da menopausa traz alívio. Mas, segundo segundo dados estatísticos, apenas 30% das mulheres apresentam melhora significativa nessa fase. Isso ocorre principalmente com aquelas que têm enxaqueca perto do período menstrual.

15- Há alimentos que ajudam a melhorar a enxaqueca?

Muito se fala em dietas que ajudam a melhorar a enxaqueca, mas, segundo os especialistas consultados, elas não têm fundamento científico. O magnésio (encontrado em alimentos verdes frescos e frutos do mar) e um aminoácido chamado triptofano (presente em verduras frescas e no feijão) até podem ajudar, mas, nas quantidades presentes na comida, têm importância limitada. Quando as dores são desencadeadas por certos alimentos, evitá-los ajuda a diminuir as crises.

16- Não tem tratamento?

Ainda não há cura, mas hoje existem tratamentos que diminuem muito ou até acabam com as crises. Além dos medicamentos que são tomados na hora da dor, quem tem mais de três crises por mês ou sente dor muito forte, ainda que de vez em quando, pode ter de passar por tratamento preventivo com remédios.
Na crise de enxaqueca, por exemplo, a irrigação sangüínea periférica diminui, deixando os dedos das mãos e dos pés mais frios. Os pacientes aprendem a identificar esse sinal e a controlá-lo, fazendo com que o sangue, indiretamente, flua melhor no cérebro, o que traz alívio.
A toxina botulínica também está sendo testada como uma opção para quem não reage a outros tratamentos, mas o custo-benefício ainda é discutido.

17- Tem que tomar remédio por toda a vida?
 
Apesar de a enxaqueca ser uma doença crônica, como a hipertensão arterial e o diabetes, a medicação preventiva costuma ser retirada após oito a 12 meses de uso se o paciente estiver bem. Se as crises voltarem, pode ser necessário tomar os remédios por mais um período.


18- Acupuntura resolve o problema?

Os estudos são controversos. Enquanto alguns mostram bons resultados, outros não provam a eficácia para essa doença. Oficialmente, o poder terapêutico da acupuntura para enxaqueca não está confirmado no meio científico, mas o que médicos e pacientes relatam é que, na prática, muitas pessoas se beneficiam do método.
Além de acabar com a dor –muitas vezes de forma imediata– na hora das crises, a técnica é muito usada para preveni-las, seja isoladamente ou em conjunto com medicamentos. Antes de se submeter às agulhas, é importante ter um diagnóstico preciso do problema, afastando outras causas mais graves.

19- Dormir muito ajuda a melhorar?

Em muitas pessoas, a privação de sono desencadeia dores de cabeça. Mas dormir mais do que se está acostumado também é um gatilho para as crises. Um caso relativamente comum é a chamada “enxaqueca de fim de semana”, na qual o paciente só sente dores no sábado e no domingo –quase sempre porque dorme muito mais tempo do que o habitual. O segredo, portanto, é ter um ritmo de sono regulado.

20- Tomar remédio logo antes de comer um alimento que provoca crise resolve?

Pode até aliviar a dor no momento. Mas é um procedimento de risco que não deve ser feito rotineiramente, já que induz ao abuso de medicamentos, contribuindo para a cronificação da dor.


Fonte:“Cefaléias Primárias: Aspectos Clínicos e Terapêuticos”.Fernando Ortiz;Edgard Raffaelli Jr e col. ( 2ª Edição). São Paulo: Editora Zeppelini, 2002.